Foi divulgado em livro, “A Fraude Académica no Ensino Superior em Portugal”, o trabalho resultante da investigação da Universidade de Coimbra
sobre a fraude académica, um problema sério nos tempos que correm.
Foram envolvidos 7292 alunos de
101 faculdades e institutos politécnicos frequentando, 182 cursos diferentes,
entre licenciaturas e mestrados.
De forma sintética, temos, 65,3%
admite que deixa que os colegas copiem, 52.2% admite que copia, 44% admite que cábulas
nos exames e 38.9% admite copiar da internet para realização de trabalhos
académicos.
Nada de novo nos tempos que
correm embora com contornos preocupantes que quem se move pelo ensino superior
bem reconhece.
Também nesta matéria os padrões
éticos e deontológicos estão revistos em baixa. Algumas notas repescadas.
De facto a fraude académica,
incluindo o plágio, atinge sérias proporções. Só por curiosidade, já encontrei
textos que aqui deixo colocados noutros espaços sem indicação da fonte.
Considerando o volume crescente
de situações muitas instituições têm vindo a adoptar dispositivos de despiste e
regulamentos que minimizem o risco de tais práticas.
Esta atitude tornou-se uma
necessidade e, felizmente, tem vindo a emergir e entrar na agenda a questão da
utilização da informação disponível, designadamente na net, na produção
fraudulenta ou nos limites da ética de trabalhos académicos e científicos da
mais variada natureza. Neste âmbito, conheceu-se o primeiro caso, creio, em
Portugal de uma Tese de Doutoramento apresentada na Universidade do Minho e
anulada por motivo de plágio. Este tipo de comportamentos e os discursos
produzidos sobre eles em todos os níveis de ensino, do básico à formação
pós-graduada, doutoramentos incluídos, bem como artigos científicos, remete,
creio, para a natureza da relação ética que estabelecemos com o conhecimento e que
os alunos replicam.
Recordamos também que o Secretário de Estado
da Educação, João Granjo também se demitiu o ano passado devido a uma situação
de plágio.
O conhecimento será entendido
como algo que se deve mostrar para justificar nota ou estatuto, não para
efectivamente integrar, ou seja, importante mesmo é que a nota dê para passar,
que o curso se finalize, que a tese fique feita e se seja doutorado ou que se
possa acrescentar mais um artigo à produção científica num mundo altamente
competitivo, ou, que se alinhave uma comunicação com material que não se
produziu e do qual não se identifica a fonte.
Que tudo isto possa acontecer à
custa da manhosice, do desenrasca mais ou menos sofisticado, são minudências
com as quais não podemos perder tempo. Veja-se todo o vergonhoso processo, para
o envolvido e para a instituição, relativo à “licenciatura” de Miguel Relvas,
processo que, aliás, ainda não terminou.
Não sendo um exclusivo do sistema
educativo constitui uma preocupação séria e justifica que as escolas, do básico
ao superior, se envolvam na tentativa de que todos tenhamos uma relação sólida
do ponto de vista ético com o conhecimento, a sua produção e divulgação.
O caminho passa pelo
estabelecimento obrigatório de códigos de conduta com implicações
sancionatórias severas e com uma atitude formativa e preventiva e próxima dos
alunos durante as aulas, como aliás o estudo agora conhecido sugere.
O trabalho será sempre difícil
pois o actual contexto ao nível dos valores e da ética dos comportamentos e
funcionamento social é, só por si, um caldo de cultura onde o copianço e o
plágio, por vezes, não passam de "peanuts".
É a cultura do desenrascanço, não
importa como.
Os recém-conhecidos “Panama
Papers” são “só” mais uma versão, numa escala inimaginável, desta cultura de “vale
tudo”.
A exigência (quase sobrehumana) de algumas cadeiras, não fará com que o uso da cábula pelos alunos(como auxiliar de memória) seja considerado normal?
ResponderEliminarClaro que não pode haver contemplações com plágios, ainda por cima em teses de mestrado ou doutoramento, as quais que devem ter um cunho pessoal. Os orientadores também terão a sua responsabilidade...