AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

NÃO HAVIA NECESSIDADE

Não havia necessidade. O BE entende por bem acentuar publicamente a aprovação da adopção de crianças por casais homossexuais com um cartaz que me parece um péssima opção.
Quem acompanha este espaço sabe que sempre tive uma posição claramente favorável pensando nos interesses de muitas crianças institucionalizadas e nos direitos das pessoas.
O cartaz envolvendo a figura e a referência a Jesus Cristo é de facto uma escolha infeliz, para ser simpático. Esta apreciação não decorre de nenhuma posição “politicamente correcta”, de um discurso do “respeitinho” e, muito menos, de alguma reserva face à liberdade de expressão.
Trata-se “apenas” de uma abordagem de natureza mais ética e considerando os objectivos da campanha do BE.
Sabemos todos que na adopção por homossexuais, o argumentário contra, mais do que em matéria científica que não o suporta, assenta em matéria de valores. Considerando que a defesa da adopção também envolve valores, para do suporte científico, entendo que trazer desta forma os valores para a discussão é um verdadeiro e sério tiro no pé que me parece de alguma irresponsabilidade e com o efeito contrário ao pretendido.
Uma deputada do BE, Sandra Cunha, lê-se no Público Sandra Cunha, sabe que “provavelmente” o cartaz vai gerar polémica, mas considera-a “bem-vinda”, porque “faz com que as pessoas discutam o tema”.
É um argumente fraquinho e evidentemente não convincente. Promover a discussão de um qualquer tema através de uma provocação grosseira ao nível dos valores é a melhor maneira de não ter discussão, de radicalizar posições e discursos. Esta discussão deve sempre assentar na defesa do superior interessa da criança, na defesa do cumprimento de direitos humanos fundamentais.
Este cartaz é um disparate de mau gosto, provocatório no pior dos sentidos e um mau serviço prestado a esta causa.

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