AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O REGRESSO DAS PROVAS DE AFERIÇÃO

Ao que parece vão regressar as provas de aferição no 1º ciclo. Realizar-se-ão no 2º e no 4º ano em moldes que ainda não são conhecidos.
Como já escrevi, a extinção do exame final de 4º ano, do meu ponto de vista uma medida positiva por razões recorrentemente aqui enunciadas, implicava que não se descurasse a existência de dispositivos de avaliação externa.
A avaliação externa é uma ferramenta imprescindível de regulação dos sistemas educativos e do trabalho de professores e alunos. A argumentação do IAVE e do Presidente do CNE relativamente ao "residual" impacto dos exames do 4º ano na retenção dos alunos, sendo de considerar não me parece suficiente para defender a sua existência como o instrumento da avaliação externa. Podemos colocar a questão noutros termos, qual o impacto os exames no sucesso dos alunos? Só por existirem não o promovem. Reparemos que existem sistemas educativos com alunos genericamente bem sucedidos, caso da Finlândia, que só tem exames no final do Senudário e outros sistemas com sucesso, caso de alguns países asiáticos que têm um número significativo de exames. Dito de outra maneira, a existência de exames, só por si, não explica o sucesso nem o melhora. 
Assim sendo, parece-me uma medida positiva a reintrodução destas provas de aferição que podem de facto servir como dispositivo necessário de avaliação externa.
No entanto, insisto na necessidade de definir de forma adequada e com os recursos necessários apoios para as dificuldades experimentadas por alunos e professores ao longo de todo ciclo e disponibilizados em tempo oportuno. Com as provas de aferição e avaliação interna é possível regular e promover a qualidade e o sucesso educativo.
É assim que os melhores sistemas educativos que não têm exames tão cedo estão organizados. Este entendimento não tem rigorosamente a ver com facilitismo pois não consta que esses países tenham sistemas educativos “facilitistas” apesar de não terem exames tão precoces e nos anos de exame apresentarem taxas de retenção muito baixas.
Convém também não esquecer o impacto que turmas sobrelotadas, metas curriculares excessivas e burocratizadas que inibem a acomodação das diferenças entre os alunos, insuficiência de apoios às dificuldades de alunos e professores durantes todos os anos do ciclo, entre outros aspectos, podem assumir nestes resultados e não constituir o melhor contexto para sustentar a evolução pretendida.

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