A subida para 31.8% da taxa de desemprego entre os 15 e os 24 anos em Agosto representa segundo o EUROSTAT a maior subida na Europa da taxa de desemprego jovem. A maldita
realidade teima a em desmentir os discursos políticos.
Acresce que ainda de acordo com o
EUROSTAT em Portugal existiriam 248 000 jovens, 14,6%, entre os 18 e os 29 anos
que não estudam nem trabalham, a geração “nem, nem”, um termo e uma dimensão
devastadora. Se alargarmos ao intervalo até aos 34 anos teríamos 15.2%, 363 000
jovens e jovens adultos nessa situação. Impressionante.
É também de registar a utilização
abusiva e escandalosa de estágios profissionais não remunerados, sobretudo de
jovens qualificados, situação que permite aos empregadores aceder a mão-de-obra
gratuita por alguns períodos de tempo, expediente que podendo ter impacto nas
estatísticas não muda a vida das pessoas.
Por outro lado, a precariedade
nas relações laborais quase duplicou na última década. Portugal é o segundo
país da Europa, a seguir à Polónia, com maior nível de contratos a prazo. Por
outro lado, as políticas de emprego em curso continuam a insistir na maior
flexibilização das relações laborais.
Neste cenário, os desequilíbrios
fortíssimos entre oferta e procura em diferentes sectores, a natureza da
legislação laboral favorável à precariedade e insensibilidade social e ética de
quem decide, promovem a proletarização do mercado de trabalho mesmo em áreas
especializadas ou mesmo o recurso a uma forma de exploração selvagem com uma
maquilhagem de "estágio" sem qualquer remuneração a não ser a
esperança de vir a merecer um emprego pelo qual se luta abdicando até da
dignidade.
Acontece ainda que alguns dos
vencimentos que se conhecem, atingindo também camadas altamente qualificadas,
não são um vencimento, são um subsídio de sobrevivência.
É justamente a luta pela
sobrevivência que deixa muita gente, sobretudo jovens sem subsídio de
desemprego e à entrada no mundo do trabalho, sem margem negocial, altamente
fragilizadas e vulneráveis, que entre o nada e a migalha "escolhem
amigavelmente" a "migalha", ou mesmo uma remota hipótese de um
emprego no fim de período de um indigno trabalho gratuito. Como é evidente esta
dramática situação vai de mansinho alargando e numa espécie de tsunami vai
esmagando novos grupos sociais e famílias.
É um desastre. Grave e dramático
é que as pessoas são "obrigadas" a aceitar. Os mercados sabem disso,
as pessoas são activos descartáveis.
Nunca se viu tanta mentira, tanto egoísmo, corrupção, arrogância e insensibilidade social desde o Império Romano. Porventura resquícios da ocupação Romana...
ResponderEliminarVIVA!