AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 20 de setembro de 2015

SETE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS E OUTRAS QUESTÕES CURRICULARES

Não sou um especialista em matéria de currículo mas por princípio e por razões óbvias, julgo que, independentemente do número e da escolha das línguas cujo ensino é oferecido, é importante a aprendizagem de línguas estrangeiras.
No entanto e por outro lado, tenho expressado com alguma regularidade alguma preocupação com os actuais modelos e conteúdos curriculares contribuem, ou não, para acomodar a diversidade dos alunos, a característica mais evidente de qualquer sala de aula.
Do meu ponto de vista, a actual organização e conteúdos curriculares, extensos, demasiado prescritivos e normativos, operacionalizados através de centenas de metas curriculares são pouco amigáveis para responder aos desafios da diversidade, autonomia, qualidade e qualidade para todos, ou seja, uma educação de natureza inclusiva.
De uma forma mais específica, tornam difíceis o exercício da autonomia de alunos, professores e escolas, comprometem o desenvolvimento de abordagens curriculares integradas e a possibilidade dos professores introduzirem dispositivos de diferenciação pedagógica, a única forma de acolher as diferenças entre os alunos.
Acresce que, sem surpresa, estes modelos e conteúdos curriculares estão associados a uma sobrevalorização da avaliação externa que determina o que em boa parte do tempo é realizado pelos professores e alunos, a preparação para exames, minimizando uma maior flexibilidade de metodologias e actividades didáctico-pedagógicas.
É ainda de registar que esta visão de educação e escola está a chegar à educação pré-escolar recorrendo a horários fixos de áreas curriculares e medida das aprendizagens das crianças com as mesmas características das metas curriculares.
Neste contexto, sucessivos grupos de alunos são "empurrados" através dos crivos da medida, os exames, para espaços curriculares diferenciados, pouco qualificados, com recursos insuficientes.
Finalmente, minimiza-se o abandono escolar mas não se promove o sucesso educativo que é mais do que o sucesso escolar.
Neste contexto, a possibilidade de aceder à aprendizagem de sete línguas estrangeiras, sendo importante, não minimiza a necessidade de repensar com serenidade e competência toda a questão curricular.

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