Durante muitos anos aqui no
Alentejo, no largo da vila, regularmente, os moirais, os feitores, escolhiam os
trabalhadores, perdão, "os activos" que fossem necessários nas
herdades para umas jornadas sazonais e que ansiosamente esperavam pelo
privilégio da escolha.
Os outros, "os que não
obtinham colocação", ficavam no largo, à espera, sem trabalho e com a vida
adiada.
Nestes tempos negros e de horror que
vivemos, estamos a assistir de novo a esta espécie de leilão mas com contornos
ainda mais dramáticos e incompatíveis com valores mínimos de ética, moral e
dignidade.
Os medíocres líderes dos países
Europeus, quais feitores ou moirais, licitam o número de pessoas, refugiados, que
podem acolher. Decidem os que sobrevivem ou os que serão condenados ao inferno de onde saíram, a um novo inferno ou mesmo à morte às portas do sonho. E nem aos meninos põe Deus a mão por baixo.
Discutem números como quem
discute mercadoria. Os números de que falam deixarão de fora muitos mais. Tenham paciência, dizem-lhes, não deviam ter nascido ou, pelo menos, vindo de lá desses países à procura de fazer Vida pela Europa.
Sim, eu sei que a situação é
complexa. Por isso é que para problemas complexos se exigem respostas complexas
que desafiam a capacidade de quem as decide.
E o problema é, justamente, este,
a incapacidade, a mediocridade da generalidade dos líderes europeus que para
além de dinamitarem a sobrevivência desta gente, dinamitam um Projecto
visionário de uma Europa coesa, solidária e aberta que alguns, mais competentes, sonharam e em que muitos acreditaram.
Que apodreçam no inferno.
É verdade. Mas não é em exclusivo dos governantes que fomos todos lá os pusemos.
ResponderEliminarInfelizmente temos tanta culpa como eles