A falácia da liberdade de escolha na educação deu à costa
"Antes de se apregoar a liberdade de escolha é importante olhar para os
países que se arrependem de ter implementado este sistema. Em vários países, em
particular em alguns países nórdicos, a liberdade de escolha gerou mais
guetização e segregação social."
De facto, a experiência do que
têm sido tais práticas de liberalização noutra paragens e o conhecimento dos
territórios educativos portugueses sugerem que na verdade percorremos um
caminho de privatização da educação transformando-a num serviço que as famílias
compram de acordo com as suas possibilidades económicas para os verdadeiros
destinatários desse serviço, os seus filhos.
Aliás, parece-me claro que a
cultura mais generalizada entende os estabelecimentos de ensino privado como
exclusivos e muitos deles são profundamente selectivos na população que
acolhem, o que leva, justamente, muitos pais a escolher "comprar",
por assim dizer, essa exclusividade, que só por existir já é um negócio, um bom
negócio.
A questão, óbvia, é que a maioria
das famílias irá, evidentemente, manter os seus filhos nas escolas públicas que
sofrendo forte desinvestimento terão menos recursos, apoios e autonomia. Os professores tenderão a funcionar num registo de "contents
delivery" a turmas enormes de alunos que através de sucessivos exames
passarão por uma espécie de "darwinismo educativo" sobrevivendo os
"clientes "mais fortes, sendo os mais fracos enviados para o "trabalho
manual" em modo Crato e os menos dotados para instituições “adequadas”.
Sopram ventos adversos, são os
mercados a funcionar, dizem, também na educação, mesmo com a
"liberdade" de educação. Os clientes mais "favorecidos",
para utilizar um eufemismo frequente, comprarão bons serviços educativos e os
menos "favorecidos" ... assim continuarão.
É o destino.
Karl Marx não diria melhor...A seguir vem a luta de classes.
ResponderEliminarVIVA!