Em Beja realiza-se hoje e amanhã
um encontro de gente de vários países que tem estado envolvida numa fascinante
actividade, usar as histórias, o contar de histórias, integrando-as nos
processos de ensino e aprendizagem. Aqui registo a propósito o trabalho notável
que a Biblioteca de Beja e a Cristina Taquelim fazem neste mundo mágico das
histórias.
Na verdade, o contar de histórias aos mais
novos tem vindo, creio, a cair em desuso, quer em casa quer, sobretudo, nos
espaços escolares.
A natureza prescritiva e
normativa dos currículos, a sua excessiva extensão e intermináveis metas, a obsessão
com resultados, exames e competição bem como os estilos de vida familiares
contribuem para que contar e ouvir histórias seja visto como algo de inútil,
coisa antiga e incompatível com os tempos modernos.
O que conta verdadeiramente,
defende muita gente, são os “saberes estruturantes e instrumentais”, não essa
coisa “romântica” da imaginação, criatividade e magia de ouvir e contar uma
história. Também é importante que se saiba que as histórias podem ter um papel muito relevante no contexto global das aprendizagens.
Não o aproveitando …perdemos
todos.
Deixem que lhes conte uma
história já que neste espaço não tenho a pressão do currículo e das metas.
Era uma vez um professor, bom, já
não era bem um professor porque, sendo velho e tendo havido alguém que se
esqueceu de o mandar embora, ainda vinha todos os dias para escola só para
contar histórias aos miúdos, dizia ele.
Não tinha família que por ele
esperasse, esperava ele que os alunos viessem às histórias quando não tinham
aulas a sério. E eles vinham.
As histórias que contava eram
estranhas, passavam-se sempre no futuro, Nunca começavam por "Era uma vez
..", começavam antes por "Um dia lá mais à frente ...". Falavam
de pessoas que os miúdos haveriam de conhecer, das coisas que haveriam de
fazer, das terras onde haveriam de ir, das coisas que iriam aprender, de coisas
difíceis que iriam encontrar, de coisas muito bonitas e, às vezes feias, que
iriam acontecer, enfim, a partir do que eles já sabiam, mostrava-lhes o que
ainda desconheciam. Era assim como se fossem histórias de adivinhar e os miúdos
gostavam.
Eles só não sabiam que o
professor velho, de vez em quando, em vez de ir para casa onde não tinha
ninguém, ia num instante espreitar o futuro. Assim podia ajudá-los a chegar lá.
ResponderEliminarArtigo Interessante no Público sobre o Ensino Superior Universitário/Politécnico
http://www.publico.pt/portugal/noticia/o-vale-era-verde-1708898
Abraço e Bom Fim de de Semana.
Pedro.