AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O MEC E A NORMALIDADE DA ANORMALIDADE

A Provedoria de Justiça entende que o MEC errou na contabilização do tempo de serviço efectivo dos professores nos concursos de colocação de docentes que estão a decorrer. Desse entendimento foi dado conhecimento, não vinculativo ao MEC recomendando a possibilidade de correcção.
O Ministério da Educação e Ciência afirma desconhecer o parecer que a Provedoria garante ter enviado e defende que agiu correctamente. Para tal torce a interpretação das suas próprias leis até que elas justifiquem a sua (in)competência.
O povo português tem um enunciado, "cada cavadela, cada minhoca". De facto, quando se espera que, finalmente, as escolas possam ter os professores colocados o passo seguinte cria novos problemas, novos inconseguimentos ou, dirá o Ministro, "conjecturáveis ambiguidades".
Prudentemente, vêm aí eleições, o MEC até tinha atrasado o início do lectivo para garantir a “normalidade” e lá vem um problema.
O Ministro Nuno Crato e aquela figurinha curiosa, Casanova de Almeida, virão falar de "procedimentos concursais", "normalidade", "resolução de casos pontuais", "normalidade" e estamos numa situação absolutamente insustentável.
Na verdade, como já tenho dito, só mesmo um despudor e uma arrogância sem limites e a irresponsabilidade de gente sem princípios permitem a manutenção em funções de um Ministro que de há muito negou a imagem que lhe colaram mas que nunca me pareceu justificada, competência e rigor.
Bateu no fundo.
Na verdade, esta forma de trabalhar numa equipa que sempre papagueou uma retórica com referências constantes ao rigor, à qualidade, à exigência seria uma anedota se não representasse um patamar de incompetência e desrespeito pelos professores e pelo seu trabalho que não conhece limites. Também pode explicar-se através de uma relação pouco saudável, por assim dizer, com a realidade.
No entanto, começo a pensar que Nuno Crato terá mesmo razão e muitos de nós estaremos enganados, a incompetência, o desrespeito, a demagogia passaram a ser a normalidade, portanto, está tudo bem.
Sem retorno. 

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