Dia estranho o de hoje aqui neste
canto do Alentejo. Um dia quente, muito quente, de abafura como por aqui se
fala, céu carregado de nuvens sempre a adivinhar alguma água que chegou depois
de almoço.
Foi pouca, umas pingas grossas, mas
o suficiente para libertar o perfume incomparável que a terra nos oferece
quando depois de meses de secura recebe uma água vinda lá do céu.
Passou depressa, foi pena.
Regressei à tarefa determinada para
estes dias, limpar os pés de burro das oliveiras, os rebentos que se criam na
base do tronco. Faz bem às árvores, ficam mais bonitas depois de limpas e torna
mais fácil estender os panos na apanha da azeitona.
Há pouco tive de parar, o corpo
explicou-me de forma muito clara que por hoje chegava.
Obedeci, há alturas em devemos
ouvir o corpo.
Agora vai ser tempo de um
gaspacho bem fresquinho que, tal como as pingas de chuva, terá vindo do céu de
tão saboroso que fica.
São assim, por vezes, os dias do
Alentejo.
Que texto delicioso! Obrigada.
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