AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 9 de agosto de 2015

DIAS DO ALENTEJO

Dia estranho o de hoje aqui neste canto do Alentejo. Um dia quente, muito quente, de abafura como por aqui se fala, céu carregado de nuvens sempre a adivinhar alguma água que chegou depois de almoço.
Foi pouca, umas pingas grossas, mas o suficiente para libertar o perfume incomparável que a terra nos oferece quando depois de meses de secura recebe uma água vinda lá do céu.
Passou depressa, foi pena.
Regressei à tarefa determinada para estes dias, limpar os pés de burro das oliveiras, os rebentos que se criam na base do tronco. Faz bem às árvores, ficam mais bonitas depois de limpas e torna mais fácil estender os panos na apanha da azeitona.
Há pouco tive de parar, o corpo explicou-me de forma muito clara que por hoje chegava.
Obedeci, há alturas em devemos ouvir o corpo.
Agora vai ser tempo de um gaspacho bem fresquinho que, tal como as pingas de chuva, terá vindo do céu de tão saboroso que fica.
São assim, por vezes, os dias do Alentejo.

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