DA NEGRURA CRÁTICA SOBRE A INVESTIGAÇÃO EM PORTUGAL

Parecem-me interessantes alguns excertos da entrevista ao Observador de Christoph Krayky, coordenador do painel de avaliadores que avaliou a Fundação para a Ciência e Tecnologia, no que se refere à avaliação dos centros, unidades e laboratórios de investigação portugueses realizada pela European Science Foundation por encomenda da FCT.

À ESF foi solicitado expressamente que eliminasse metade das estruturas de investigação. O resultado foi conseguido, fortemente criticado, nacional e internacionalmente e ainda não terminou, pois correm processos de recurso, alguns com entrada no sistema de justiça.

“Os pontos-chave das críticas não foram partilhados por nós. Achamos que a avaliação científica foi robusta e os revisores bem escolhidos.” A apontar negativamente só a mudança do esquema de financiamento a meio do processo. “Entendo por que é que [a FCT] fez a alteração, mas deviam ter-se sentado com os interessados e comunicado melhor.”

Christoph Kratky disse que a avaliação tinha sido competitiva como se pretendia. “Se todos tivessem ficado satisfeitos é porque tinha havido um erro.” Se nas candidaturas a projetos apenas 20 a 30% conseguem financiamento, ter 50% das instituições financiadas após avaliação até é um número elevado, referiu o investigador. Para o avaliador, muitas instituições preocuparam-se em apresentar os resultados alcançados, mas prestaram pouca atenção aos objetivos futuros – e ambos os critérios tinham o mesmo peso.

No entanto, ao que se pode ler num comunicado da candidatura do Livre/Tempo de Avançar citado no blogue "Rerum Natura", “Notamos que o coordenador do painel de avaliação da FCT, Professor Christoph Krayky, pertencia ao Governing Council da ESF à altura em que a FCT adjudicou a avaliação das unidades de I&D nacionais a esta fundação."

Talvez assim se possa explicar a apreciação positiva do Coordenador da avaliação da FCT a um processo insustentável e largamente criticado devido aos resultados desastrosos para a investigação em Portugal, designadamente nas Ciências Sociais, e à inconsistência do processo.