A lida só agora permitiu umas
notas a propósito do trabalho de Isabel Leiria no Expresso sobre o sistema
educativo finlandês.
É claro que as comparações devem
ser realizadas com alguma prudência dadas as diferenças substanciais entre
países. No entanto, a análise de diferentes contextos constitui uma boa
ferramenta de reflexão e um contributo para tomadas de decisão com as
requeridas adaptações às dimensões e especificidades dos contextos.
Assim, vou inventariando algumas
notas de leitura do trabalho do Expresso deixando a cada um de vós, peço
desculpa por isso, o trabalho de olhar para o nosso sistema e reflectir na
diferença .
“os finlandeses acreditam que a Educação é a única forma de subir na
vida.”
“83% da população activa (18-64) têm pelo menos o secundário, em
Portugal são 38% e 40 % de diplomados para 19%.”
Exemplificando e sabendo-se como a escolaridade dos
pais, em Portugal particularmente a das mães, é um factor comprovado como
preditor para o sucesso dos alunos e considerando os exames de 2014, na escola
pública melhor colocada, a Raul Proença, nas Caldas da Rainha, a média das
habilitações das mães, é de 12 anos e tem 8,6% dos seus alunos oriundos de
famílias carenciadas apoiados no 1º escalão da acção social escolar.
Na Secundária de Resende que
apresenta a média mais baixa, 7,3 valores, as mães dos alunos têm, em média, apenas
o ensino primário completo, 5,1 anos de estudo, e tem no escalão mais
carenciado 30% dos alunos.
“a educação não é arma de arremesso político nem objecto de guerras
partidárias.”
Em Portugal …
“os valores (custos do sistema finlandês) não se afastam das médias da
OCDE e UE.”
Em Portugal …
O ensino obrigatório é gratuito incluindo refeições transportes e
manuais.”
Em Portugal …
“Não há mega-agrupamentos como em Portugal. O número médio de alunos
por estabelecimento de ensino secundário, por exemplo, é de 250.”
Em Portugal …
Ser professor “é uma carreira prestigiada e temos muita autonomia no
nosso trabalho” “só 10% dos candidatos à formação de professores entram na
universidade.”
Em Portugal …
“os directores das escolas anunciam as vagas que têm e escolhem os
professores.”
Em Portugal …
“Confiamos nos nossos professores porque sabemos que estão altamente
preparados. Não acreditamos que temos de fazer como os EUA em que estão sempre
a medir os resultados.”
Em Portugal …
“todas as escolas públicas têm equipas de assistência ao estudante. É
uma espécie de força de intervenção que actua aos primeiros sinais de alarme,
composta pelo director, um enfermeiro um psicólogo, um assistente social, um
orientador escolar e um professor de ensino especial. A ideia é simples: dar
todo o apoio possível antes que o problema se torne maior.”
Em Portugal …
“os alunos não têm de se preocupar em estudar para os exames nacionais
porque não os há, pelo menos até chegarem ao final do liceu. Os professores não
estão preocupados com escalas de vigilância e assoberbados em correcções de
testes.”
Em Portugal …
Está a promover-se “o desenvolvimento da aprendizagem por fenómenos em
alternativa ao modelo clássico de disciplinas individuais”. Potencia a
integração de conteúdos e a colaboração de diferentes docentes.
Em Portugal …
“Na Finlândia se conseguiu escrever em 10 páginas o que os alunos
precisam de saber fazer a Matemática do 1º ao 9º ano. Por cá foi preciso um
documento de 80 a que se juntam 30 do programa. A proporção repete-se nas
outras disciplinas.”
Julgo que o completar das frases
pode constituir um bom exercício sobre a nossa realidade educativa, os caminhos que tem tomado e que parece continuar a tomar.
Não li o artigo do Expresso, mas, além das diferenças referidas, podemos acrescentar ainda:
ResponderEliminar- Início da escolaridade aos 7 anos de idade;
- Menor (muito menor) carga horária.
É claro que estas diferenças devem ser contextualizadas, mas são muitas...
De qualquer forma e para além das diferenças de contexto existem, evidentemente, diferenças em matéria de política educativa que não se justificam pelas diferenças de ... contexto. Trata-se mesmo uma outra visão de educação e escola.
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