Como é evidente, torna-se
necessário garantir a segurança de todos os utilizadores das zonas escolares e
nem sequer discuto esta medida em particular, militares dentro das escolas.
Aliás, já se verificava o envolvimento de antigos elementos das forças
policiais nestas funções bem como o a existência do Programa Escola Segura.
A minha inquietação vai noutro
sentido.
Alguns dos problemas que estão na
base desta medida decorre da degradação da qualidade dos processos educativos
escolares e familiares.
A excessiva concentração de
alunos com a política de mega-agrupamentos, maior número de alunos por turma
criou espaços escolares que são um factor de risco só pela sua dimensão. Seria avisado
que o MEC atentasse nos movimentos que em alguns países se verifica de redução
da dimensão das escolas.
O MEC reduziu até ao
insustentável o número de assistentes operacionais, recorre abusivamente e de
forma escandalosa aos Contratos Emprego-Inserção para suprir falhas que colocam
pessoas nas escolas sem formação, sem motivação e sem capacidade de resposta
ainda que componham as trágicas estatísticas do desemprego.
O MEC desinveste na escola
pública e nos seus recursos humanos, docentes e técnicos, o que dificulta a
existência de dispositivos de apoio a dificuldades alunos, professores e
famílias.
Muitas escolas implantadas em
territórios que décadas de políticas urbanísticas erradas crescem guetizadas e
são autênticos barris de pólvora com problemas que requerem respostas
diferenciadas.
No entanto, o MEC, apesar da
retórica, não promove formas de autonomia, responsabilizada evidentemente, para
que as escolas possam organizar-se e responder diferenciadamente às
especificidades da sua população escolar e comunidades educativas.
Neste contexto, em termos
imediatos, colocar militares dentro das escolas é um remendo que a alguns
certamente agradará e a muitos outros inquietará, é o meu caso.
Quanto mais se desinvestir na
qualidade, nos recursos e nas condições de funcionamento do lado de DENTRO da
ESCOLA, do lado de dentro dos PROCESSOS EDUCATIVOS, mais teremos de gastar no
que se passa do lado de "fora".
Acabaremos onde? O passo seguinte
talvez seja a colocação de forças especiais nos recreios e espaços envolventes
e o fornecimento de protecção individual aos docentes dentro da sala de aula.
Que caminho é este? Que escola pública irá o meu neto encontrar daqui a alguns, poucos, anos?
"o fornecimento de protecção individual aos docentes dentro da sala de aula."
ResponderEliminarSe for 1 "gostosão jeitoso", eu sei lá.......
O povo português enferma da contestação...Se tem,é porque não é adequado.Se não tem, é porque devia ter. É melhor senhoras ou senhores vigilantes funcionários da escola que andam pelos cantos comentando suas próprias vida uns com os outros e pouco vigiam?!
ResponderEliminarVIVA!