AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 30 de maio de 2015

DO SUCESSO EDUCATIVO

Estou de saída para a Covilhã para participar num encontro com pediatras. O tema da sessão em que participo é o sucesso educativo.
Partindo do entendimento de que as dificuldades emergentes nos processos educativos e que, frequentemente, conduzem a insucesso e dificuldades, devem ser entendidas na interacção entre capacidades, competências e experiências dos alunos e o que família e escola lhe oferecem ou solicitam, centrarei a minha intervenção nesta segunda parte do enunciado, a relação da família e da escola com o sucesso educativo e escolar de crianças e adolescentes.
Não esqueço o papel fundamental das variáveis de natureza individual mas vou direccionar a minha reflexão para as variáveis exteriores aos alunos. Parto do princípio de que 150 000 "chumbos anuais", múltiplos problemas de comportamento, dentro e fora da escola, só como exemplo, não podem explicar-se apenas recorrendo às dificuldades específicas dos alunos. Neste sentido também tentarei sublinhar os riscos do "sobrediagnóstico", isto é, em qualquer situação de dificuldade a criança ou adolescente devem ter qualquer "problema" ou "quadro clínico" que importa diagnosticar. Destas práticas resultam casos de medicação desnecessária e com riscos ou a prescrição de "apoios especializados" que nem sempre são coisa alguma, apenas um preenchimento de tempo com actividades que podendo não fazer mal também se revelam de grande utilidade.
Dito isto, reconheço situações, por vezes sérias, de problemas nas crianças e adolescentes mas só avaliações competentes os identificam e permitem intervenções adequadas se para tanto existirem os recursos, evidentemente.
No tempo disponível, procurarei, portanto, reflectir sobre algumas variáveis que do meu ponto de vista e partindo da família e da escola devem merecer alguma atenção no sentido de minimizar os riscos de insucesso.
No que respeita à família abordarei questões como os estilos de vida, os modelos parentais e as expectativas e o impacto da forma como as famílias se organizam nestas dimensões pode associar-se ao desempenho educativo e escolar de crianças e adolescentes. Como exemplos, cito aspectos como hábitos de sono e rotinas, comunicação, regras e limites ou pressão para rendimento.
Relativamente à escola vou referir pontos como modelos e valores da educação, o que é educar hoje, que escola temos, os efeitos das políticas educativas, as expectativas da escola e o seu impacto nos alunos e a capacidade e recursos que a escola possui ou deverá possuir para acomodar as diferenças entre os alunos, ou seja, promover alguma forma de diferenciação, considerando a sala de aula, a escola ou os percursos dos alunos, só para ilustrar alguns áreas.
Bom, este conjunto de reflexões é, evidentemente, generalista mas considerando a proximidade entre pediatras, crianças e adolescentes e famílias e menor proximidade com a escola parece-me importante partilhar esta reflexão sobre variáveis exteriores ao indivíduo mas essenciais na construção do seu desejado sucesso educativo e escolar.
Vamos ver como corre.

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