AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 15 de maio de 2015

DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA. QUE PODEREI DIZER?

Daqui a pouco vou fazer-me à estrada até Viseu para responder a um convite simpático da Fenprof para participar amanhã numa conferência na ESE de Viseu dedicada ao tema "Inclusão, o grande desafio do futuro".
Tenho a certeza de que o convite decorre de uma genuína vontade de reflectir sobre esta questão, educação e escola inclusiva. Confesso, no entanto, que estou aflito e preciso da vossa ajuda.
Que poderei dizer sobre educação inclusiva e futuro num tempo presente em que a Educação, no sentido mais nobre e vasto do termo, está revista em baixa, transformando-se cada vez mais em Aprendizagem de competências instrumentais normalizadas, sujeitas a uma febre de medida que passa a ser o tudo da educação e que de Inclusiva tem muito pouco?
Logo de muito novos os miúdos começam a passar por sucessivos crivos, exames escolares ou Classificações de outra natureza. Muitos são identificados por etiquetas, "repetentes", "dificuldades de aprendizagem", "necessidades educativas especiais permanentes", "hiperactivos" "autistas", etc., agrupam-se os miúdos com base nessas etiquetas, do ensino vocacional, às unidades ou escolas de referência e guetizam-se por espaços, entre a escola e as instituições, de novo e cada vez mais.
É verdade que também temos excelentes exemplos de trabalho em comunidades educativas que, tanto quanto possível e com os recursos de que dispõem, se empenham em estruturar até ao limite ambientes educativos mais inclusivos em que todos, mesmo todos, participem. Como sempre afirmo, a participação é um critério essencial de inclusão.
Devo falar do copo meio cheio ou do copo meio vazio?
Existem miúdos que não estão ou não se sentem a fazer parte da comunidade educativa em que estão, não “integrados” mas “entregados”, por várias razões e nem sempre por dificuldades próprias.
Existem pais que não estão ou não se sentem a fazer parte da comunidade educativa em que os seus filhos cumprem os dias.
Existem professores que não estão ou não se sentem a fazer parte da comunidade educativa onde se empenham e querem trabalhar apesar dos meios e recursos tantas vezes insuficientes e desadequados.
Existem orientações normativas e políticas que, sempre em nome da inclusão, acabam por promover ou facilitar a exclusão.
Existem direcções escolares, poucas quero acreditar, que gostariam de ver as suas escolas ou agrupamentos mais “bem frequentadas”, alguns miúdos só criam dificuldades e atrapalham os resultados das escolas.
Será a nossa escola inclusiva? Passará o futuro da nossa escola pública pelos princípios da educação inclusiva?
Que devo ou posso responder?
Eu quero acreditar que sim.

2 comentários:

  1. Tarefa gigante e complicada, devo dizer.

    Começa por ser complicada logo pela terminologia - o que é isso de escola inclusiva? As palavras repetem-se à exaustão e acabam por perder o sentido, enfiando-se tudo no mesmo saco.

    O que dificulta uma aproximação à escola inclusiva que, de modo muito lato,deve conduzir a aprendizagens dos alunos, levando-os a contribuir e participar em todos os aspectos da viva escolar?

    - acabem-se com os mega agrupamentos de escolas
    - acabem-se com turmas de 25 a 30 alunos
    - revejam-se as aulas de 90 minutos
    - repensem-se novos percursos escolares de qualidade
    - invista-se mais em recursos/novas tecnologias
    - boa formação contínua de professores, sem serem pagas e sem serem feitas apenas em interrupç~oes lectivas e fins- de semana e horários pós
    laborais
    - repensem-se os sistemas de equiparação de alunos que vêm de países vários
    - invista-se em mais equipas de profissionais especializados em necessidades educativas especiais
    - aproxime-se a escola da vizinhança envolvente
    - alterem-se programas
    - revejam-se cargas horárias e horários das 8.30 às 17h
    - reformulem-se regulamentos internos
    - aposte-se na confiança na autonomia do trabalho do professor
    - aposte-se nas potencialidades e criatividade dos alunos.


    Uffff!!!!!


    Boa sorte.

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  2. Boa análise, um excelente caderno de encargos para promover mudança.

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