Daqui a pouco vou fazer-me à estrada até
Viseu para responder a um convite simpático da Fenprof para participar amanhã
numa conferência na ESE de Viseu dedicada ao tema "Inclusão, o grande
desafio do futuro".
Tenho a certeza de que o convite
decorre de uma genuína vontade de reflectir sobre esta questão, educação e
escola inclusiva. Confesso, no entanto, que estou aflito e preciso da vossa
ajuda.
Que poderei dizer sobre educação inclusiva e futuro num tempo presente em que a Educação, no sentido mais nobre e
vasto do termo, está revista em baixa, transformando-se cada vez mais em
Aprendizagem de competências instrumentais normalizadas, sujeitas a uma febre de medida que passa a ser o tudo da educação e que de Inclusiva tem
muito pouco?
Logo de muito novos os miúdos
começam a passar por sucessivos crivos, exames escolares ou Classificações de
outra natureza. Muitos são identificados por etiquetas, "repetentes",
"dificuldades de aprendizagem", "necessidades educativas especiais
permanentes", "hiperactivos" "autistas", etc.,
agrupam-se os miúdos com base nessas etiquetas, do ensino vocacional, às
unidades ou escolas de referência e guetizam-se por espaços, entre a escola e
as instituições, de novo e cada vez mais.
É verdade que também temos excelentes
exemplos de trabalho em comunidades educativas que, tanto quanto possível e com
os recursos de que dispõem, se empenham em estruturar até ao limite ambientes
educativos mais inclusivos em que todos, mesmo todos, participem. Como sempre afirmo,
a participação é um critério essencial de inclusão.
Devo falar do copo meio cheio ou
do copo meio vazio?
Existem miúdos que não estão ou
não se sentem a fazer parte da comunidade educativa em que estão, não
“integrados” mas “entregados”, por várias razões e nem sempre por dificuldades
próprias.
Existem pais que não estão ou não
se sentem a fazer parte da comunidade educativa em que os seus filhos cumprem
os dias.
Existem professores que não estão
ou não se sentem a fazer parte da comunidade educativa onde se empenham e
querem trabalhar apesar dos meios e recursos tantas vezes insuficientes e
desadequados.
Existem orientações normativas e
políticas que, sempre em nome da inclusão, acabam por promover ou facilitar a
exclusão.
Existem direcções escolares,
poucas quero acreditar, que gostariam de ver as suas escolas ou agrupamentos
mais “bem frequentadas”, alguns miúdos só criam dificuldades e atrapalham os
resultados das escolas.
Será a nossa escola inclusiva?
Passará o futuro da nossa escola pública pelos princípios da educação inclusiva?
Que devo ou posso responder?
Eu quero acreditar que sim.
Eu quero acreditar que sim.
Tarefa gigante e complicada, devo dizer.
ResponderEliminarComeça por ser complicada logo pela terminologia - o que é isso de escola inclusiva? As palavras repetem-se à exaustão e acabam por perder o sentido, enfiando-se tudo no mesmo saco.
O que dificulta uma aproximação à escola inclusiva que, de modo muito lato,deve conduzir a aprendizagens dos alunos, levando-os a contribuir e participar em todos os aspectos da viva escolar?
- acabem-se com os mega agrupamentos de escolas
- acabem-se com turmas de 25 a 30 alunos
- revejam-se as aulas de 90 minutos
- repensem-se novos percursos escolares de qualidade
- invista-se mais em recursos/novas tecnologias
- boa formação contínua de professores, sem serem pagas e sem serem feitas apenas em interrupç~oes lectivas e fins- de semana e horários pós
laborais
- repensem-se os sistemas de equiparação de alunos que vêm de países vários
- invista-se em mais equipas de profissionais especializados em necessidades educativas especiais
- aproxime-se a escola da vizinhança envolvente
- alterem-se programas
- revejam-se cargas horárias e horários das 8.30 às 17h
- reformulem-se regulamentos internos
- aposte-se na confiança na autonomia do trabalho do professor
- aposte-se nas potencialidades e criatividade dos alunos.
Uffff!!!!!
Boa sorte.
Boa análise, um excelente caderno de encargos para promover mudança.
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