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quinta-feira, 2 de abril de 2015

E O CARTEIRISMO FISCAL?

"PSP põe mais 100 agentes nas ruas de Lisboa por causa do “relaxe dos turistas”"

"Câmara de Lisboa pede ajuda aos comerciantes para travar carteiristas"

Ao que o Relatório de Segurança Interna afirma a actividade dos carteiristas subiu exponencialmente em Lisboa. Tal facto leva a aumentar os efectivos policiais e a promover programas de prevenção envolvendo, designadamente, os comerciantes.
Não me surpreende este aumento da produtividade dos carteiristas. A subida do seu nível de produtividade é coerente com o aumento de produtividade de uma outra actividade, o carteirismo fiscal.
Como é sabido e sofrido enfrentamos umas das maiores cargas fiscais da Europa. Estamos perante uma espécie de carteirismo fiscal com resultados mais significativos, obviamente. Para utilizar a terminologia do mundo dos pequenos carteiristas, a todo o momento e circunstância, alguém está meter os dedinhos, os "baios" nas nossas carteiras, as "chatas", num verdadeiro assalto fiscal e legal.
No entanto, a linguagem deste carteirismo fiscal é também diferente e bem menos interessante que a dos pilha galinhas carteiristas, usa termos como, sacrifícios, défice, austeridade, recuperação, ajustamento, recessão, impostos, restrição orçamental, cortes, despesa, rigor, exigência, troika, etc., etc.
Uma outra diferença para o mundo artesanal dos carteiristas de rua e dos transportes públicos é ao nível da escala e dos recursos, o carteirismo fiscal trabalha com modelos bem mais actuais e com recursos bastante mais sofisticados. Tudo se transforma e como se sabe as actividades artesanais estão em desaparecimento e a atrair menos pessoas, são pouco rentáveis apesar de alguns ainda se dedicarem empenhadamente ao trabalho que tem uma dimensão de sazonalidade.
O carteirismo fiscal ou de outra natureza mas a uma escala maior, é na verdade muito mais rentável permitindo ainda ganhos colaterais, sempre do lado certo da lei mas nem sempre do lado certo da ética ou da moral.

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