Um inquérito conduzido pela
Universidade do Porto sobre a educação Pré-escolar, apesar de algumas limitações
relativas à representatividade do universo de educadores que responderam,
evidencia alguns dados que deverão merecer profunda reflexão.
Desses dados salientaria a
referência a inúmeras de salas de jardim de infância que acomodam crianças com
necessidades educativas especiais, sem qualquer apoio. Na rede pública as situações
reportadas variaram entre uma e sete crianças numa sala.
Aliás, a necessidade de formação
e apoio para o trabalho com crianças com necessidades especiais foi,
justamente, uma das grandes prioridades identificadas pelas educadoras
inquiridas.
O cenário é alarmante mas não,
lamentavelmente, inesperado.
A falta de recursos e
dispositivos de apoio para os alunos com necessidades especiais e para as
escola ou jardins de infância que os acolhem é uma matéria recorrente e objecto
de referência em sucessivos relatórios da Inspecção-Geral de Educação ou do
Conselho Nacional de Educação, por exemplo.
Se considerarmos este cenário,
crianças com necessidades especiais em idade de educação pré-escolar sem apoios
adequados é fácil e terrível imaginar as consequências para o seu
desenvolvimento e progresso que transportarão ao longo da sua estadia de 12
anos na escolaridade obrigatória.
Num país em que a retórica da
educação inclusiva informa quase toda legislação e os discursos políticos a
situação real mostra como, de facto, o bem estar das crianças e o trabalho de
dos educadores e educadoras está altamente comprometido.
Como muitas vezes aqui tenho
afirmado, embora Portugal tenha um nível muito elevado de crianças com
necessidades especiais em estruturas de ensino regular, boa parte destas crianças
não estão incluídas, integradas, estão "entregadas". Os seus professores
ou educadores e famílias também estão entregues a si próprios.
Apesar do esforço e do empenho da
esmagadora maioria dos professores, de ensino regular e de educação especial,
de técnicos e das famílias, em muitas situações, a educação, a escola inclusiva
é um fingimento.
Não era com isto que gostava de
começar o dia.
Bom dia professor. Concordo plenamente com o fingimento da educação inclusiva. Saliento ainda a hipocrisia das leis que exigem os técnicos para a sua aplicação, mas que na prática não sao colocados nas escolas pelos mesmos senhores que ditam as leis. Felizmente, a escola privada onde trabalho teve a dignidade de contratar os tecnicos necessarios para podermos aceitar todos os meninos que nos procurem. No momento temos salas/ turmas com mais do que uma NEE. Entraremos na exceção? Cumprimentos. Ana Sofia Roque
ResponderEliminarOlá Sofia, o meu texto dirige-se ao universo da escola pública onde também, naturalmente, existem muitas experiências positivas
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