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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A RELAÇÃO PERTURBADA DE NUNO CRATO COM A REALIDADE

Nuno Crato diz que o país "melhorou" na Educação e Saúde desde 2011

Nuno Crato afirmou ontem que de 2011 para cá o País está melhor na Educação e na Saúde.
Ao que parece o Ministro terá afirmado isto sem sorrir.
É evidente que os especialistas podem ajudar a entender este processo de negação da realidade que é transformada nos desejos de quem para ela olha, mas a verdade é que, lamentavelmente, a realidade, sempre a maldita realidade desmente o discurso de Nuno Crato.
A educação e a escola públicas não estão melhor, antes pelo contrário.
As escolas perderam autonomia e enfrentaram problemas que deixam marcas importantes veja-se o caso do processo de colocação de professores no início deste ano lectivo.
Os resultados dos alunos estão em processo de abaixamento quer nas avaliações externas quer nos estudos comparativos internacionais contrariando um trajecto de melhoria que se vinha verificando.
Muitos milhares de professores foram empurrados para fora do sistema, não porque sejam incompetentes, não porque não façam falta mas porque a política educativa se transformou num exercício de contabilidade.
No mesmo sentido verificou-se o aumento do número de alunos por turma o que, em muitos dos nossos territórios educativos, aumenta a dificuldade para o trabalho de alunos e professores.
Os apoios e recursos para alunos com necessidades educativas especiais são insuficientes e inadequados conforme sucessivos relatórios da Inspecção-geral de Educação e do Conselho Nacional de Educação comprovam. Cada vez são mais frequentes as situações de ausência de resposta minimamente adequada e emerge um movimento no sentido de empurrar para fora da sala de aula do ensino regular estes alunos.
A examocracia instituída em nome da qualidade e do rigor está a produzir exclusão e uma franja significativa de alunos que são empurrados para um ensino vocacional através de um modelo criticado pela UNESCO e OCDE.
O ensino superior e a investigação foram submersos por um gigantesco corte nos recursos pondo em causa o funcionamento das instituições conforme sucessivas tomadas de posição do Conselho de Reitores ilustram. Milhares de jovens desistem da frequência do ensino superior por falta de meios e verificam-se menos candidaturas ao ensino superior por falta de recursos das famílias. A situação é dramática para um país que continua com um dos mis baixos níveis de qualificação superior da UE.
Nas escolas faltam assistentes operacionais cujo presença é importante  por exemplo na segurança e supervisão dos espaços de recreio.
O clima das escolas, variável reconhecidamente importante na qualidade da educação, está de há muito em alerta vermelho para usar uma expressão corrente.
Mais aspectos poderiam ser referidos.
No entanto, apesar deste cenário, o Ministro consegue dizer que a educação está melhor.
O despudor e falta de seriedade intelectual parecem não ter limites.

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