AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

UMA PÁGINA NEGRA DA EDUCAÇÃO

"Exame para professores deixou de valer a pena, apesar de ser obrigatório"

Sem grande alarido, de acordo com os manuais da comunicação política, realiza-se hoje nova edição da sinistra Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades para a acesso à carreira de Professor. Dadas as actuais circunstâncias, cortes e inacessibilidade de novos professores à carreira, esta iniciativa vale mais pelos princípios que a informam que pelos efeitos práticos que eventualmente possa ter.
Na verdade, o saldo deste processo que se iniciou, é bom lembrar, em 2007 com a institucionalização desta Prova e que Crato recuperou da maneira aberrante e a que temos vindo a assistir com um primeiro episódio em 18 de Dezembro de 2013, é profundamente negativo.
Já o tenho afirmado, este processo estabelece uma das páginas mais negras da educação em Portugal e uma enorme humilhação e desrespeito à classe docente, a todos os Professores, avaliados e avaliadores ou vigilantes.
Em termos breves e em jeito de balanço, estabelecer uma Prova de acesso à carreira docente que não envolva avaliação das práticas durante algum tempo é, podemos afirmar assim, incompetência. Nenhuma prova, finita, curta e que não envolve o trabalho educativo pode avaliar a preparação de um professor para leccionar.
Mas Nuno Crato consegue ir mais longe, recupera a Prova definida em 2007 e constrói um modelo com uma componente comum, com itens de resposta múltipla e que mais não são do que charadas lógicas sem qualquer relação com o exercício da profissão professor e uma "resposta extensa orientada" com um número de palavras entre 250 e 350 a que acresce uma Componente específica sobre a disciplina que o docente se propõe leccionar que aliás nem se realizou nas edições anteriores.
A esta aberração sujeitar-se iam todos os professores que não estão nos quadros. Acontece que muitos destes professores são-no há vários anos, com prática avaliada e a reacção foi imediata. Com a colaboração prestimosa da FNE, o MEC assume a generosidade de decidir que a Prova só deverá ser realizada peos professores com menos de 5 anos. Acrescenta-se, assim, incompetência e manha pois que diferença de "Conhecimentos e Capacidades" existirá entre professores com mais ou menos uns dias de experiência.
Marca-se a data para Sinistra Prova e o alarido e confusão foram grandes pelo que muitos docentes não a realizaram. O MEC insiste, elimina a componente específica como se passasse a confiar no antes desconfiava, o conhecimento científico dos professores sobre o se propõem ensinar, e num processo absolutamente indigno e deplorável em ética e transparência, cheio de habilidades certamente "normais", marca nova Prova, a que hoje se estará a realizar.
Não é possível que alguém conhecedor deste processo e dos seus conteúdos, designadamente do modelo de Prova, possa aceitar tal ofensa e humilhação. Não é acertando na resolução de problemas de lógica que se evidencia qualidade e preparação para se ser professor. Esta Prova não tem rigorosamente a ver com a avaliação de desempenho dos professores, confusão que transparece em inúmeros comentários que se ouviram e leram. Tal confusão, creio, será, também, da responsabilidade também dos professores e seus representantes. Ao MEC interessa uma opinião pública mal informada e "contra" os professores como sucessivas equipas da 5 de Outubro têm alimentado.
De facto, para terminar, o saldo de tudo isto é algo de muito negro para a educação em Portugal, pelo modelo de avaliação, pelo processo, pelo modelo e conteúdos da Prova e, sobretudo, pela humilhação e desrespeito aos professores e pela sua profissão, cujos saberes e competência não cabem em 32 itens e uma resposta "extensa orientada" até 350 palavras.
O Ministro Nuno Crato e os e os seus ajudantes sabem, evidentemente que isto assim é. No entanto, a afirmação infantil de uma autoridade que não têm e que lhes não é reconhecida, um fingimento de rigor que a incompetência episódios sucessivos negaram mas, sobretudo, a tentativa desesperada de continuar a voltar a opinão pública contra os professores leva Nuno Crato a insistir despudoradamente na realização desta sinistra PACC.
A história não os absolverá. Morra a sinistra PACC, Morra! PIM!

PS - No DN lê-se mais um exemplo do quão degradante e aberrante é a situação criada pela arrogância e incompetência alimentada de Nuno Crato.

"Corpo de Intervenção em alerta máximo para prova dos professores"


De uma forma estúpida e desajustada, que talvez as odores intensas de uma dor ciática que continua a atormentar-me, possam desculpar, lembrei-me que no México foram recentemente massacrados 43 estudantes para professores por protestarem contra mudanças no sistema educativo mexicano. Desculpem a lembrança mas ocorreu-me.

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