AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

DA INGRATIDÃO DE ALUNOS, PROFESSORES E INVESTIGADORES

"Nuno Crato interrompido por alunos que pedem a sua demissão"

Um grupo de alunos, docentes do ensino superior, bem como investigadores, manifestaram-se ontem durante a intervenção do Ministro Nuno Crato numa Conferência sobre Ciência realizada no ISCTE.
Mostraram uma faixa onde se lia “Parabéns Crato: O ensino e a ciência nunca estiveram tão mal” e manifestaram-se até receberem um amável convite para abandonar a sala. Esta manifestação é mais um incompreensível exemplo de ingratidão face à política de Nuno Crato. Esta ingratidão começa a ser preocupante.
Teve um episódio extremo quando o Primeiro-ministro afirmou na sua linguagem popular e simpática que tinha poupado os “mexilhões” aos efeitos da crise e, pasme-se, os mexilhões em vez de agradecerem tal humanidade e solidariedade ainda protestaram. Não se entende mas é hábito nesta terra de ingratos, pobres e mal agradecidos.
Relativamente ao ensino superior e ciência ainda menos se compreende que protestem com a política genial definida por Nuno Crato. Vejamos.
Como se sabe, os estudantes docentes e investigadores têm responsabilidade acrescidas de perceberem estas coisas, a quantidade é inimiga da qualidade. É melhor ter poucos e torná-los muito bons do que ter muitos a fazer qualquer tarefa correndo o sério risco de que a não façam bem.
Com este correcto entendimento, a construção de uma elite em vez de alimentar uma massa de potenciais medíocres, Nuno Crato com a preciosa ajuda das políticas de austeridade já criou condições para que alguns milhares de alunos abandonassem o ensino superior por dificuldades económicas. Está certo e é uma medida de largo alcance. De facto, a generalidade dos estudos mostram que os alunos provenientes de meios mais favorecidos e económica e socialmente são os que reúnem melhores condições para atingir a excelência. Levar os outros a desistir é, pois, a aposta correcta.
Por outro lado, pelas mesmas razões, dificuldades económicas, aumentam o número de alunos que acabam o secundário e não tencionam frequentar o superior. Lá está, os que continuam são os que mais equipados estão para percursos que os levem à excelência. Uma visão genial que alguns ingratos não vislumbram e não agradecem.
Neste cenário, menos alunos, são precisos menos professores pelo que não se renovam contratos ou se levam muitos docentes a sair numa evidente prova de boa gestão dos dinheiros públicos e de adequação às necessidades. Corre-se com os alunos, corre-se com os professores, uma fórmula digna de um matemático genial como Nuno Crato.
Quanto à investigação, como se sabe, existiam por aí milhares de investigadores que investigavam irrelevâncias e inutilidades como muito bem caracterizaram Pires de Lima e Passos Coelho. Assim, tornou-se necessário travar este desperdício brutal de dinheiro com a investigação, isso é coisa para países ricos, os mais pobres devem investigar apenas aquilo que se traduz num benefício imediato, produto ou serviço, para as empresas como muito  bem ilustrou Pires de Lima.
Para que o trabalho fosse bem feito, como sabem Nuno Crato é um maníaco da perfeição, começa-se por cortar nas bolsas de investigação, boa parte das quais alimentavam coisa nenhuma, assim cortaram-se 31% das bolsas de doutoramento e 35% das bolsas de pós doutoramento. Quem não tem dinheiro não o pode desperdiçar na investigação sem qualidade de um conjunto de irrelevâncias.
Mas o génio e a visão de Nuno Crato levaram-no mais longe. Para mascarar o processo com uma capa de rigor e isenção encomendou a uma estrutura exterior, a European Science Foundation, um processo de avliação dos Centros e Unidades de Investigação e estabeleceu como objectivo que à partida deveria ser eliminada metade das estruturas avaliadas.
A rapaziada da ESF cumpriu fielmente a encomenda e num processo transparente claro e rigoroso acabou mesmo com, pelo menos, metade do trabalho de investigação que se realizava em Portugal. A tarefa ainda não está completa pois falta conhecer o resultado da segunda fase de avaliação.
Mais uma vez, de forma estranha e profundamente ingrata, a esmagadora maioria da comunidade científica contestou este processo que apenas procurou defender a qualidade, a competência e o rigor como muitas vezes nos últimos tempos foi afirmado e sublinhado por Nuno Crato, pela Secretária de Estado e pelo Presidente da FCT.
Neste cenário fica perfeitamente claro que o protesto de estudantes, professores e investigadores realizado não passa de uma manifestação gratuita, própria de uma terra de ingratos, que se tornam incapazes ou não querem perceber a visão genial de Nuno Crato ou então fazem-no com intenções inconfessáveis.

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