AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 27 de setembro de 2014

OUTONO, É TEMPO DAS NOZES

Este fim-de-semana é tempo da Feira d’Aires cá no concelho. Aqui no Monte, enquanto não chega a trovoada que se ouve lá ao longe e tem acompanhado a chegada do Outono, é tempo de apanhar as nozes ou, como fala o Mestre Marrafa, de estar de posse das nozes.
A chuva acelerou o amadurecimento e estão quase todas na altura boa para serem colhidas. As nogueiras não têm tantas quanto o ano passado mas as suficientes para ocupar umas horas largas de apanha e umas noites para as quebrar à lareira depois de secarem umas semanas.
Apanhar e, sobretudo, libertar as nozes do invólucro que as contém, é algo que deixa as mãos com um escuro oleoso que demora dias a tirar.
Quando ando de posse das nozes sempre me lembro a história, mais uma, que o Velho marrafa nos contou.
Nos tempos idos a apanha das nozes era uma tarefa para mulheres e não se usavam luvas de trabalho. Aliás, alguns dos meus amigos alentejanos que passam aqui no Monte ainda gozam comigo por usar luvas na lida.
Pois nesse tempo, havia alguns feitores e agrários malinos que obrigavam as raparigas a apanhar as nozes nas vésperas da Feira d’Aires para que fossem de mãos sujas para a festa. Histórias antigas do Alentejo onde muita gente passou, e passa, muito mal.
Na verdade, fazer este trabalho com as luvas é bem diferente embora, por não ter reparado que uma das luvas estava rota, tenha um dedo "inapresentável" e quase gasto de tanto esfregar para ver se se “apaga” o negro.
É verdade, chegou mesmo o Outono ao Alentejo.
Bom, tenho que ir continuar de posse das nozes, a trovoada está mais perto.

PS - A trovoada chegou mesmo e a sério. Não veio só, trouxe água de pedra como por aqui se diz. Pedras maiores que ervilhas.

1 comentário:

  1. Excelente texto e empolgante leitura :)
    Uma excelente continuação

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