Dos 30 países considerados, Portugal tem maior carga horária atribuída à matemática no Ensino Básico embora a situação no Secundário seja diferente.
Uma pequena nota no sentido de sublinhar
que embora seja importante, evidentemente, o tempo destinado a cada área
disciplinar não é única variável a considerar. Existem países com menos horas
atribuídos e com melhores resultados.
Como é sabido, os alunos
portugueses fizeram nos últimos anos progressos assinaláveis com o Programa
PISA demonstrou. O investimento dos professores e das escolas e de alguns
aspectos das políticas seguidas deram um enorme contributo a esta melhoria.
Acontece que nos últimos, de 2009
para 2012, os resultados estagnaram ou baixaram.
Temo que algumas das dimensões da
PEC - Política Educativa em Curso não sejam alheias a esta situação, número de
alunos por turma em escolas de territórios educativos mais problemáticos,
cortes nos dispositivos de apoio a alunos e professores e as alterações em
matéria curricular.
As mudanças curriculares em
Matemática que se verificaram recentemente levantaram fortes dúvidas aos autores do Programa de Matemática que
estava em vigor. Também a Sociedade Portuguesa de Investigação em Educação
Matemática e a Associação Nacional dos Professores de Matemática manifestaram
na altura fortíssimas reservas face ao novo Programa, alertando para o risco de
retrocesso nos resultados positivos que os últimos dados dos estudos
comparativos internacionais demonstraram utilizando um programa que estava
agora a terminar a sua fase de generalização e era de apenas de 2007.
Com o estabelecimento das metas
curriculares, com a forma e o conteúdo definidos, não a sua existência, o
ensino tenderá a transformar-se na gestão de uma espécie de "check
list" das metas estabelecidas implicando a impossibilidade de acomodar as
diferenças, óbvias, entre os alunos, os seus ritmos de aprendizagem o que se
reflectirá seguramente nos resultados.
Teremos todos de estar atentos à
evolução, esperemos que positiva, dos resultados escolares nos anos próximos, embora,
como se sabe, os exames, a sua dificuldade, sejam uma ferramenta de gestão
política.
A ver vamos.
"... o ensino tenderá a transformar-se na gestão de uma espécie de "check list" das metas estabelecidas..."
ResponderEliminarO futuro da forma verbal está aqui a mais.
O ensino já se transformou nessa espécie de "check list" das metas curriculares, sobretudo porque foram impostas, por vezes contra o espírito dos próprios programas das disciplinas, na forma de lista de supermercado.
Para comprovar o que digo, eis parte do que está contemplado nas metas curriculares de Português para o 9.º ano de escolaridade, por exemplo:
2 Crónicas
2 narrativas de autores portugueses
1 conto de autor de país de língua oficial portuguesa
1 texto de autor estrangeiro
4 poemas de Fernando Pessoa
12 poemas de pelo menos 10 autores diferentes
1 texto de literatura juvenil
1 peça teatral de Gil Vicente
Os Lusíadas, de Luís de Camões
Como evitar o "visto" à medida que o tempo/ano lectivo vai avançando???
As metas de aprendizagem, da forma e com os conteúdos que foram definidos, são parte do problema e não parte da solução.
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