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sábado, 23 de agosto de 2014

E O CARTEIRISMO FISCAL?

"Mais de dois milhões de euros furtados por carteiristas em Lisboa no ano passado"

Segundo dados da Divisão de Investigação Criminal de Lisboa a actividade dos carteiristas em 2013 terá rendido um montante superior a dois milhões de euros.
Durante 2013 Portugal terá sofrido uma das mais colossais cargas fiscais da Europa. Segundo a imprensa, depois de conhecidos no início da próxima semana os dados da execução orçamental o Governo poderá decidir por novo aumento de impostos no âmbito do orçamento rectificativo.
Estamos perante uma espécie de carteirismo fiscal com resultados evidentemente mais significativos.. Para utilizar a terminologia do mundo dos pequenos carteiristas, a todo o momento e circunstância, alguém está meter os dedinhos, os "baios" nas nossas carteiras, as "chatas", num verdadeiro assalto fiscal e legal.
No entanto, a linguagem deste carteirismo fiscal é também diferente e bem menos interessante que a dos pilha galinhas carteiristas, usa termos como, sacrifícios, défice, austeridade, recuperação, ajustamento, recessão, impostos, restrição orçamental, cortes, despesa, rigor, exigência, troika, etc., etc.
Uma outra diferença para o mundo artesanal dos carteiristas de rua e dos transportes públicos é ao nível da escala e dos recursos, o carteirismo fiscal trabalha com modelos bem mais actuais e com recursos bastante mais sofisticados. Tudo se transforma e como se sabe as actividades artesanais estão em desaparecimento e a atrair menos pessoas, são pouco rentáveis apesar de alguns ainda se dedicarem empenhadamente ao trabalho que tem uma dimensão de sazonalidade.
O carteirismo fiscal ou de outra natureza mas a uma escala maior, é na verdade muito mais rentável permitindo ainda ganhos colaterais, sempre do lado certo da lei mas nem sempre do lado certo da ética ou da moral.

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