AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 14 de julho de 2014

NUNCA ME ENGANO E RARAMENTE TENHO DÚVIDAS. Agora em modo crático

A entrevista de Nuno Crato ao Expresso que só há pouco li recordou-me o mítico enunciado de Cavaco Silva, "nunca me engano e raramente tenho dúvidas".
De facto, Nuno Crato não mostrou a mais pequena dúvida sobre as políticas que tem vindo a executar e também entende que tudo o que foi feito, foi bem feito. Aliás, apenas não fez mais por limitações orçamentais que curiosamente potenciou no universo da educação.
Em todos os temas abordados na entrevista, os exames e papel do IAVE, as questões curriculares, ensino vocacional, avaliação e contratação de professores, o ensino do Inglês, o aumento do número de alunos por turma ou ensino superior e ciência, o Ministro Nuno Crato considera ter tomado a melhor decisão. Muita gente tem expresso sérias dúvidas mas trata-se de incompreensão face à genealidade das decisões.
Mais refere que a sua passagem pelo MEC vai deixar marcas no pensamento educativo. Estou absolutamente de acordo e por isso muito preocupado.
A marca que quer imprimir não é "por ser mais ideológico" é por "ser mais focado nos resultados".
Esta é uma questão essencial e muito reveladora.
A visão de Nuno Crato tem, obviamente, uma fortíssima marca ideológica. Aliás não me parece estranho, não existe acção política em nenhum sector das sociedades como as nossas que não tenham dimensão ideológia, A questão é saber qual. A visão de Nuno Crato está cada vez mais clara.
Por outro lado, em educação, como em todas as áreas que envolvem pessoas, os resultados não são tudo, os processos são fundamentais e condicionam os resultados. No entanto para Nuno Crato estas ideias são irrelevantes. 
Assim sendo, o caminho a prosseguir é mais avaliação, mais exames, mais alunos por turma, menos investimento na educação, menos investimento na investigação e ciência, menos professores, menos escolas, menos técnicos, menos recursos, os alunos com mais dificuldades ou com menos qualidade vão para as empresas para o trabalho manual e alguns talvez mesmo para instituições, na escola só atrapalham e não atingem resultados.
Os resultados estão à vista.

2 comentários:

  1. Caro professor.
    A mim parece-me bastante claro o caminho que este ministro pretende traçar. A escola pública está a ser preparada para a extinção, ou pelo menos, extinção na forma pluralista como hoje a conhecemos. Este ministro acredita nos métodos utilizados nos EUA, onde fez parte da sua formação (de Economista - triste ficaria eu se fosse, como muita gente pensa, Matemático). Nele são óbvios os "tiques" pró-privado. O objetivo seria mais privado, onde cada pessoa poderia escolher a escola para o seu educando (desde que a pudesse pagar - ou com o seu "cheque-ensino") e o "resto" (vulgo, aqueles que não podem pagar) seria a população sem meios que habitariam a moribunda escola pública (basta ver um qualquer filme americano, para perceber de que tipo de escola estamos a falar).
    As suas ligações à, tão conhecida, GPS podem ser ténues...mas existem. Aliás, o seu livro "O Eduques em discurso directo" foi lançado numa livraria deste grupo empresarial, onde Crato esteve, obviamente, presente.
    Cumprimentos.

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