"Hospitais atendem cada vez mais grávidas com fome"
A pobreza e o seu cortejo de
horrores, fome, exclusão, indignidade, é o maior falhanço das sociedades
modernas.
É um dever ético, moral e legal
das comunidades das suas lideranças combater até ao limite o risco de pobreza.
Não tenho nenhuma visão idealista
ou romântica do mundo mas considero que independentemente das circunstâncias
difíceis, dos recursos,, seja do que for não se pode considerar
"normal" a situação de pobreza.
Por isso indignam até à medula
discursos e políticas que nos afirmam e impõem o empobrecimento como caminho
para a felicidade, para os amanhãs que cantam.
Serve esta introdução para uma
referência à perplexidade, primeiro, e revolta depois que causaram as palavras
do Ministro da Saúde, Paulo Macedo.
São conhecidas situações de bebés
e crianças a que os hospitais não dão alta porque as famílias não têm condições
para lhes assegurar as necessidades básicas ou o caso também recorrente de
grávidas que chegam às consultas com fome dando-se o exemplo do Hospital Pedro
Hispano que já tem mantido grávidas em internamento apenas para lhes providenciar alimentação, algo de perturbador.
Ao comentar estas situações, reconhecendo
a sua existência o que registo pois é mais habitual colegas seus afirmarem
que a realidade está enganada, o Ministro Paulo Macedo afirmou que chegam cada
vez mais ao Serviço Nacional de Saúde “pessoas em condições difíceis próprias
dos tempos difíceis em que estamos”.
Como? Condições difíceis próprias
dos tempos difíceis?
Não, Senhor Ministro, a fome não
é uma "condição própria" de tempo nenhum, fácil ou difícil, de terra
nenhuma.
A fome é uma acusação terrível, é
um atentado aos direito das pessoas.
A fome é uma acusação, a si, aos
seus colegas, aos abutres que gerem os modelos económicos que produzem a
pobreza e a fome, aos sucessivos governos, aos que, a maioria de nós, não conseguimos dizer basta.
Existem palavras (mal)ditas. Foi o caso.
Terrível e assustador para não dizer REVOLTANTE!
ResponderEliminarVou publicar respeitando os "créditos".