AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 14 de julho de 2014

NÃO SR. MINISTRO, A FOME NÃO É UMA "CONDIÇÃO PRÓPRIA" DE TEMPO NENHUM, FÁCIL OU DIFÍCIL

"Hospitais atendem cada vez mais grávidas com fome"

A pobreza e o seu cortejo de horrores, fome, exclusão, indignidade, é o maior falhanço das sociedades modernas.
É um dever ético, moral e legal das comunidades das suas lideranças combater até ao limite o risco de pobreza.
Não tenho nenhuma visão idealista ou romântica do mundo mas considero que independentemente das circunstâncias difíceis, dos recursos,, seja do que for não se pode considerar "normal" a situação de pobreza.
Por isso indignam até à medula discursos e políticas que nos afirmam e impõem o empobrecimento como caminho para a felicidade, para os amanhãs que cantam.
Serve esta introdução para uma referência à perplexidade, primeiro, e revolta depois que causaram as palavras do Ministro da Saúde, Paulo Macedo.
São conhecidas situações de bebés e crianças a que os hospitais não dão alta porque as famílias não têm condições para lhes assegurar as necessidades básicas ou o caso também recorrente de grávidas que chegam às consultas com fome dando-se o exemplo do Hospital Pedro Hispano que já tem mantido grávidas em internamento apenas para lhes providenciar alimentação, algo de perturbador.
Ao comentar estas situações, reconhecendo a sua existência o que registo pois é mais habitual colegas seus afirmarem que a realidade está enganada, o Ministro Paulo Macedo afirmou que chegam cada vez mais ao Serviço Nacional de Saúde “pessoas em condições difíceis próprias dos tempos difíceis em que estamos”.
Como? Condições difíceis próprias dos tempos difíceis?
Não, Senhor Ministro, a fome não é uma "condição própria" de tempo nenhum, fácil ou difícil, de terra nenhuma.
A fome é uma acusação terrível, é um atentado aos direito das pessoas.
A fome é uma acusação, a si, aos seus colegas, aos abutres que gerem os modelos económicos que produzem a pobreza e a fome, aos sucessivos governos, aos que, a  maioria de nós, não conseguimos dizer basta.
Existem palavras (mal)ditas. Foi o caso.

1 comentário:

  1. Terrível e assustador para não dizer REVOLTANTE!

    Vou publicar respeitando os "créditos".

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