"Exame de Matemática foi “extenso” e “não respeitou o programa”"
Quando era aluno do Básico e do
Secundário não me lembro de achar que um teste ou exame era fácil. No entanto,
sempre havia um adulto por perto que fazia questão de afirmar que para quem
sabe, os testes e exames não são difíceis, só para quem não sabe. Ouvia e seguia o
meu caminho num tempo em que a pressão para a excelência como condição de
sucesso ainda não tinha sido inventada ou, pelos menos, não era muito generalizada,
o que me permitiu ir fazendo um trajecto sem rasgos mas bem sucedido até ao
final do Secundário e entrar no superior para cumprir a paixão que se mantém
até hoje.
Vem esta introdução, provavelmente,
estranha, a propósito de uma questão que me parece sempre curiosa, as
apreciações divergentes sobre a dificuldade dos exames realizadas pelos especialistas, ou
seja, por gente que sabe.
De facto e por exemplo, é sempre com curiosidade
que vejo a divergência frequente entre a Associação dos Professores de
Matemática e a Sociedade de Matemática na apreciação ao grau de dificuldade dos
exames nacionais da disciplina. Desta vez trata-se do exame de da segunda fase
do 12º e, para não variar, a Associação dos Professores de Matemática acha o
exame “demasiado extenso” e “não respeitou o programa” pelo que os alunos com médias do secundário entre os
10 e os 12 valores “não têm hipótese nenhuma no exame”. No meu tempo estaria
liquidado.
Ao contrário a Sociedade
Portuguesa de Matemática considera que o exame conforme os programas e o exame
de ontem “permite que o aluno médio, que se tenha preparado devidamente, possa
obter uma classificação que reflita adequadamente o seu nível de conhecimentos
e preparação”.
Como se explica esta recorrente
divergência?
Volto à minha questão, os exames
constituem-se, do meu ponto de vista, como uma arma privilegiada da gestão
política do universo da educação.
Neste contexto, através da
"modulação", por assim dizer, da sua dificuldade, poder-se-á
influenciar os resultados no sentido esperado e mais favorável a interesses de
circunstância. Da mesma forma, acreditando na competência científica dos elementos
de diferentes entidades que se pronunciam sobre a dificuldade ou ajustamento
das provas, as divergências tão significativas estarão certamente contaminadas
por outros factores como visão da educação, o papel dos exames, a conflitualidade
partidária, etc.
Não é que não possa acontecer e ser legítima a diferença.
Apenas me parece que tudo devia ser mais claro e transparente.
A divergência é entendida porque uns consideram que a prova é para seleccionar para a entrada na universidade (SPM) e outros consideram que a prova deve ser um momento mais de avaliação para conclusão de 12º ano (APM).
ResponderEliminarSão posições de princípio incompatíveis e o problema é que o MEC alinha na 1ª posição com as consequências péssimas nos resultados, na motivação, na imagem dos professores e na própria estabilidade emocional dos alunos.
O Ministro tem a estranha convicção de que se medir muitas vezes a febre, está acabará por baixar. Está a transformar a educação na preparação para exames e numa espécie de darwinismo socioeducativo, safam-se os melhores
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