AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A MENINA CHAMADA RECEOSA

Era uma vez uma menina, chamava-se Receosa. Tinha seis anos. Parecia uma menina como as outras crianças, e era, e tinha uns pais que se pareciam com os outros pais, e eram. Explicando melhor, a menina crescia com os medos e receios com que os miúdos crescem, uns maiores, outros mais pequenos e os pais ajudavam a menina a crescer como os medos e receios com que os pais ajudam os filhos a crescer, uns maiores e outros mais pequenos.
Mas houve uma altura em que os pais começaram a ter medos maiores do que era habitual e ficaram muito assustados. Por isso, a Receosa, quando viu os pais muito assustados e ouviu os seus medos passou a ter ainda mais medos e receios do que habitualmente tinha o que, como é natural, serviu para aumentar os receios dos pais.  
Um dia, os pais da Receosa foram à escola e encontraram o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala como livros, e conversaram sobre os receios da Receosa.
O Velho falando baixinho como é seu hábito  disse, “Quando encontramos os medos que estão na cabeça dos miúdos ou achamos que alguns medos os devem tornar cuidadosos, é preciso que os ajudemos a lidar com esses medos, ou seja, o que pensar, o que dizer, a quem dizer, o que fazer, o que quer dizer, etc. para eles perceberem o medo, mas não se assustarem com o medo. Se não, pode acontecer que fiquem sós com o medo e não sabem o que lhe fazer. Aí  é que se atrapalham. Os crescidos quando falam dos medos não devem parecer assustados e com muito medo. Os pequenos, que esperam protecção e segurança dos mais velhos, vão sentir-se mais desprotegidos.
No fim de tudo, é também muito importante que a Receosa aprenda a olhar para o que é bonito e não faz medo, que é quase tudo, ficará mais forte”.
“Velho, isso quer dizer que podemos ajudar a Receosa a ficar com menos medo”, perguntaram os Pais. 
“Claro, mas primeiro fiquem vocês como menos medos e receios, mais tranquilos, ela vai sentir-se melhor”, disse o Professor Velho.

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