"Nove em cada dez professores do 3.º ciclo sente que profissão é desvalorizada pela sociedade"
De acordo com o Relatório TALIS
(Teaching and Learning International Survey) de 2013, produzido pela OCDE, a
grande maioria dos professores do 3.º ciclo em Portugal considera que a
profissão é desvalorizada pela sociedade. Apenas 10.5% entende que a sua
profissão é valorizada.
No entanto, 94.1%. considera-se
satisfeito com a profissão, 71.6% voltaria a escolher ser professor e 70.5 %
julgam que as vantagens são superiores às desvantagens. Neste aspecto nada de novo, as esmagadora maioria dos professores gosta, mesmo, de ser professor.
O Relatório, que merece leitura
atenta tem um conjunto de dados susceptíveis de reflexão mas neste momento
apenas quero deixar umas notas breves sobre a profissão professor em Portugal.
Nos últimos anos tem sido muito
evidente um discurso social e político, com acolhimento numa imprensa que
embora se reclame de "referência" é "preguiçosa", que
através de uma informação avulsa e por vezes cirurgicamente trabalhada ou
divulgada procura desvalorizar e questionar a imagem social e profissional dos
professores.
Estes discursos de ataque e
desvalorização que incluem boa parte dos discursos e também das decisões políticas do
MEC algum do discurso produzido pelos próprios representantes dos professores,
o discurso que muitos opinadores profissionais, mais ou menos ignorantes,
produzem sobre os professores e a escola, e uma imprensa mal preparada na
abordagem a muitas matérias e com agendas que nem sempre são claras, tem
efeitos muito significativos, fragilizando seriamente a imagem dos docentes aos
olhos da comunidade educativa, designadamente de alunos e pais.
Esta desvalorização é um sério
contributo para muitos dos problemas, designadamente ao nível da autoridade
percebida nos professores, que afectam o nosso sistema educativo.
Devo, no entanto, reconhecer que
"bater" nos professores, essa "malandragem" a quem
entregamos os nossos filhos, resulta sempre, vende bem.
Mas faz mal.
Infelizmente boa parte da culpa é dos próprios professores (a maioria, atrevo-me a dizer) que adormeceram à sombra da bananeira e liderados por figurinhas como o Mário Nogueira, concentraram-se em combater medidas justas como a Avaliação de Desempenho em vez de se concentrarem na defesa e melhoria das condições de ensino. Os professores esquecem-se que o "centro" do Ensino Público deveria ser os alunos e não eles próprios... de dezenas de professores que tive, posso dizer que apenas uma meia dúzia me marcou verdadeiramente... a maioria não foram mais do que burocratas a papaguear matéria... e alguns nem para isso tinham jeito. Se calhar foi azar meu...
ResponderEliminarO caro anónimo teve meia dúzia de professores que o "marcou verdadeiramente".
ResponderEliminarSorte a sua!
Dos médicos, comercias, funcionários das finanças, empreiteiros, vendedores e outras profissões com quem me relacionei, não recordo ninguém que me tenha marcado verdadeiramente….pela positiva. Um ou outro caso marcou-me, verdadeiramente, mas pela negativa.
É a vida!
Quanto à Avaliação de desempenho que tivemos e temos (?) e o contributo da mesma para melhorar as condições de ensino, não dei conta disso. Se calhar foi sorte minha….
O caro anónimo das 13.49 tem estado com azar efectivamente. Por acaso tenho muitos exemplos de outros profissionais que me marcaram verdadeiramente... os professores no geral têm duas "manias": que são a profissão mais importante do mundo e que são todos "excelentes" a exercê-la. Deviam olhar melhor uns para os outros na sala de professores... talvez se se preocupassem mais com os alunos, as "manias" se tornassem realidade...
ResponderEliminarE já agora, não percebo porque não lutaram com tanto afinco contra o aumento do número de alunos por turma, a suspensão das obras nas escolas, o fim anunciado do ensino especial, os mega-mega agrupamentos e afins, como lutaram contra a Avaliação de Desempenho...
ResponderEliminarTalvez fosse desejável evitar efeitos de generalização relativo aos professores. Como em todas as profissões, a grande maioria será competente,alguns são excelentes e alguns serão incompetentes. É inegável a importâncial social dos professores uma vez que a qualificação imprescindível em sociedades cada vez mais desenvolvidas assenta no trabalho escolar. Por outro lado, importa não esquecer que a educação é um terreno privilegiado de confrontação política que contamina muito do que são as políticas educativas em cada momento.
ResponderEliminarCaríssimo Zé Morgado, concordo com tudo o que disse, o que me leva a considerar que os excelentes deverão ser recompensados e ganhar mais do que os outros, os competentes já recebem o seu salário "normal" para serem competentes e os incompetentes devem ser fortemente convencidos a tornarem-se competentes ou então afastados de tão importante missão...há por aí muito bons professores desempregados à espera de uma oportunidade...
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