"Portugal é o quinto país da UE onde se trabalha mais horas por semana"
"Justiça vai investigar médicos que trabalharam em vários locais à mesma hora"
Portugal é o quinto país da União
Europeia com maior carga horária média de trabalho semanal, de acordo com o
Eurofund, uma agência europeia de investigação em políticas de trabalho.
Recordo que em 2013 o Governo
aumentou a carga horária semanal dos funcionários da administração para as 40
horas semanais. Na altura, vários especialistas salientaram que a medida não
teria impacto significativo na produtividade e competitividade, sendo que
também é pouco amigável na promoção de emprego ou, se preferirem, no combate ao
desemprego como também alguns técnicos já alertaram.
Na verdade, parece claro que a
produtividade não decorre fundamentalmente do tempo de trabalho. Existem factores menos referidos que, do meu ponto de vista, desempenham um papel fundamental como a qualificação profissional, a organização do
trabalho, a qualidade dos modelos de organização e funcionamento, no fundo, a
qualidade das lideranças nos contextos profissionais, entre outros. O nível de desperdício no
esforço, nos meios e nos processos em alguns contextos laborais é
extraordinariamente elevado. Na administração central, autárquica e no universo
das empresas públicas, por diferentes ordens de razões, este tipo de
circunstâncias é razoavelmente frequente, sendo que em muitas situações as
lideranças estão entregues por razões de aparelhismo partidário e troca de
favores e não por competência ou currículo o que, naturalmente se traduz na
qualidade do desempenho na gestão.
Neste cenário, o aumento do horário
de trabalho não parece ser, só por si, a solução milagrosa de incremento da
produtividade e de combate ao desemprego, antes pelo contrário.
Parece-me bem mais potente um
esforço concertado e consistente de reorganização e estruturação de serviços e
de modernização e formação de chefias, funcionários e procedimentos do que o recurso simplista e “fácil” ao aumento da carga horária.
Ter aumentado o horário de
trabalho não parece a forma mais eficaz de combater as famosas "gorduras"
do estado, antes pelo contrário, boa parte das políticas em curso promovem,
isso sim, o emagrecimento dos cidadãos, ou, pelos menos, dos seus
rendimentos.
No entanto e a propósito de horário
de trabalho e produtividade, não deixo de ficar impressionado com uma rapaziada,
médicos, que, aparentemente, tem a enorme capacidade de realizar actos médicos
em locais diferentes em simultâneo. É notável e um exemplo de entrega,
criatividade e espírito de missão.
Portugal tem grande parte do seus trabalhadores nos serviços, com um nível de produtividade muito baixa (seguros, banca, advogados, vender automóveis, plasmas, telemóveis, restaurantes, etc.) enquanto a Alemanha tem uma boa parte dos seus trabalhadores alocados ao sector industrial, por norma muito mais produtivo, pois com os mesmos recursos (físicos, humanos, matéria-prima, energia) consegue dar muito mais valor acrescentado a um produto.
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