Do meu ponto de vista, o chamado
dia de reflexão" deveria ocorrer depois das eleições e não antes. Na verdade
a grande reflexão a realizar assenta no que as eleições mostraram, em
diferentes sentidos.
No entanto, não me sinto preparado para
competir com a nuvem de politólogos, analistas e outros opinadores que peroram há horas sobre os resultados de
umas eleições em que cerca de 73% dos eleitores, repito, 73%, não votou em
qualquer das candidaturas por abstenção e voto em branco ou anulado.
Apenas quero partilhar uma nota irrelevante,
aliás, trata-se mais de um apelo, resultante de alguns discursos recorrentemente
produzidos por actores políticos, mais ou menos relevantes, a propósito dos actos
eleitorais.
Assim, apelo vivamente aos
senhores integrantes da classe política que a propósito de
eleições se inibam de elaborar comentários como
“queria felicitar o povo português pela forma tranquila como está a decorrer,
ou decorreu, o acto eleitoral”, “quero registar a normalidade que o povo
português evidencia no cumprimento do seu dever cívico”, “os cidadãos mais uma
vez mostram a sua maturidade democrática” ou ainda “o acto eleitoral está a
decorrer, ou decorreu, com toda a normalidade em todo o território”. Considero
afirmações desta natureza um insulto à esmagadora maioria dos cidadãos
eleitores em Portugal. Que diabo pensam de nós, para se surpreenderem com a
“normalidade” do nosso comportamento”. Então não é de esperar que participar num
acto eleitoral, das diferentes formas possíveis, seja algo de normal e
tranquilo?
Lembro-me aqueles pais e
professores que ao falarem de miúdos acrescentam de imediato “e até se portam
bem”, como se o comportamento adequado seja uma surpresa e a excepção. Como se
dizia no PREC, “repudio veementemente tais afirmações”.
Já agora, nós, os cidadãos que votamos,
ou não, com normalidade democrática, gostávamos de poder comentar as campanhas
dos políticos dizendo que tudo decorreu com a elevação, sentido ético e de
esclarecimento normais. Mas não, existem sempre os insultos, a demagogia, a
trafulhice nas ideias e nas promessas, a falta de esclarecimento e debate
sério, etc.
Esta última campanha para as
eleições ontem realizadas foi um, mais um, excelente exemplo.
A actividade política das
lideranças é que não decorre com a normalidade e tranquilidade democráticas.
Não tratem os cidadãos como gente incapaz e de quem sempre se espera o pior.
CLAP CLAP CLAP
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