"DGS propõe Plano de Saúde Individual para crianças com necessidades especiais"
Quando está a decorrer um
processo de análise e eventual revisão do enquadramento legal da chamada
educação especial sob a responsabilidade de um Grupo de Trabalho
Interministerial e ainda uma análise no âmbito do Conselho Nacional de Educação
sobre a mesma matéria, estranhamente, é colocado em discussão pública pela Direcção Geral de Saúde o Plano Nacional de Saúde Escolar prevendo a obrigatoriedade de todas as crianças e
jovens com necessidades especiais de saúde terem um "Plano de Saúde
Individual que dê resposta a todas as necessidades identificadas".
Mais se propõe, que este Plano
decorra e assente na Classificação Internacional de Funcionalidade, um
instrumento da Organização Mundial de Saúde que, numa péssima de decisão, é desde
2008 a base para determinar a elegibilidade de crianças e jovens para a
educação especial. É aliás de registar que a utilização da CIF é justamente,
creio, pois participei em audições com a o Grupo de Trabalho e com o CNE, uma das matérias em discussão e, eventualmente, a alterar, embora não esteja
particularmente optimista ainda que fosse uma medida adequada.
No Plano agora em discussão, estabelece-se a situação de Necessidades de Saúde Especiais, identificadas por
referência à CIF que se considera como a "que resulta de problema de saúde com impacto na funcionalidade e
necessidade de intervenção em meio escolar, como sejam, irregularidade ou
necessidade de condições especiais na frequência escolar e impacto negativo no
processo de aprendizagem ou no desenvolvimento individual" (Pág. 15 da
proposta).
Parecem-me claro os objectivos e
o quadro estabelecido, partindo do princípio que as equipas de Saúdes Escolar e
demais estruturas de saúde possuirão os meios e recursos necessários à resposta
adequada, oportuna e próxima.
No entanto, esta proposta
coloca-me algumas questões. Se os problemas de saúde são identificados por
referência à CIF e incluem as situações que envolvem "irregularidade ou necessidade de condições especiais na frequência
escolar e impacto negativo no processo de aprendizagem ou no desenvolvimento
individual", estas implicam
Necessidades EDUCATIVAS especiais, portanto, quem procede à avaliação das questões
que do ponto de vista da educação, repito da educação, estão envolvidas? Os
técnicos da saúde? Continuamos com os equívocos actuais e que alimentam enormes
ambiguidades e modelos desajustados de resposta embora se constituam como interessante
nicho de mercado.
Por outro lado, baseando-se a definição
das Necessidades Especiais de Saúde na CIF, sem estranheza uma vez que se trata
de um instrumento criado e desenvolvido para se aplicar no universo da saúde,
continuará a CIF a ser utilizada para definir elegibilidade de crianças e
jovens para EDUCAÇÂO, repito, EDUCAÇÃO, especial, algo que nunca deveria ter acontecido, sobretudo na idade escolaridade obrigatória?
Estando em estudo a revisão do
actual quadro, envolvendo um grupo interministerial, não seria avisado
clarificar e articular conceitos, legislação e modelos de resposta?
As questões no âmbito da saúde
que envolvem as pessoas são, creio que ninguém tem grandes dúvidas, matéria de
competência e conhecimento dos profissionais do universo da saúde, tal como as
questões sobre educação, ensino e aprendizagem são matéria de competência dos profissionais
da educação. Parece-me razoavelmente claro.
Vejamos o que daqui vai resultar.
que saúde escolar? A DGS (?)deve ter parado no tempo... Talvez nos idos finais dos anos 80? que professores?...que médicos?... que conhecimentos de desenvolvimento têm professores, enfermeiros, médicos , na sua generalidade? Ponham os professores e os enfermeiros a fazer BEM o seu papel que se o fizerem já dão um grande contributo!
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