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segunda-feira, 31 de março de 2014

SE CUIDAR É CARO, FAÇAM CONTAS AO DESCUIDAR

Um trabalho de hoje no Público retoma a sempre presente questão dos consumo de drogas.
De acordo com os especialistas está a verificar-se uma recaída no consumo por parte de muitas pessoas, bem como a dificuldade no acesso a consultas e programas por questões económicas. Parece também verificar-se um acréscimo no consumo de diferentes substâncias, incluindo o álcool.
Embora não possa ser estabelecida uma relação de causa-efeito, as actuais circunstâncias de vida de muita gente criam contextos de fragilidade e desesperança, favoráveis à busca de um escape que pode ser retomar o consumo ou iniciá-lo, seja do que for. A experiência de outros países mostra quadros semelhantes.
Por outro lado, para além disto importa considerar as alterações significativas que têm vindo a ser produzidas no universo das estruturas e modelos de resposta à questão da toxicodependência que, como também muitos técnicos desta área salientam, retiram eficácia por desajustamento da organização ou falta de meios e recursos, com reflexos evidentes nos casos de recaídas bem como no aumento dos comportamentos de consumo.
Como sempre afirmo, existem áreas de problemas nas comunidades em que os custos da intervenção são claramente sustentados pelas consequências da não intervenção. A toxicodependência é uma dessas áreas. Um quadro de toxicodependência não tratado desenvolve-se habitualmente, embora possam verificar-se excepções, numa espiral de consumo que exige cada vez mais meios e promove mais dependência. Este trajecto potencia comportamentos de delinquência, alimenta o tráfico, reflecte-se nas estruturas familiares e de vizinhança, inibe desempenho profissional, promove exclusão e guetização. Este cenário implica por sua vez custos sociais altíssimos e difíceis de contabilizar.
Costumo dizer em muitas ocasiões que se cuidar é caro façam as contas aos resultados do descuido. Assim sendo, dificilmente se entendem algumas opções.

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