AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 28 de março de 2014

DEFICIÊNCIA E PARTICIPAÇÃO

Defendo com muita frequência que o verdadeiro critério de avaliação das políticas e práticas de inclusão envolvendo as pessoas com deficiência, considerando grandes domínios da vida das comunidades como educação, vida social e profissional, é o seu nível de participação nos diferentes contextos em análise.
Nesta perspectiva, como já tenho referido, muitas crianças crianças e jovens com necessidades especiais estão, por assim dizer, “entregadas” em estruturas de ensino regular, é certo com apoios especializados embora nem sempre isso aconteça por insuficiência de recursos, mas o seu nível de participação nas actividades escolares com toda a restante população é baixa. Alguns exemplos resultantes da forma como se tem vindo a processar o alargamento da escolaridade obrigatória envolvendo jovens com necessidades especiais são elucidativos, a sua participação nas actividades das comunidades escolares onde desejavelmente estariam incluídos é baixíssimo, para ser simpático.
Em termos de actividades sociais o cenário é do mesmo tipo, as pessoas com deficiência tendem a ser acantonadas em grupos e comunidades com as mesmas problemáticas. Dito de outra maneira, com demasiada frequência, fazem desporto entre si, convivem entre si, namoram entre si, fazem teatro entre si, fazem música entre si, vão ao cinema em grupo, vão à piscina em grupo, etc., etc. Neste cenário, mais uma vez, temos um nível baixo de participação nas na vida “normal” comunidades.
O estudo agora conhecido sugere a mesma linha de actuação no que se refere à esfera da profissionalização.
Participação é interagir e envolver-se com a comunidade e com todas as pessoas da comunidade na generalidade das actividades de acordo, evidentemente com competências e capacidades, de qualquer um, e não só das pessoas com deficiência.
A grande questão, já o tenho referido, é que apesar do empenho e investimento que é colocado no trabalho e apoio a estas pessoas, muitos de nós não acreditamos que eles … são capazes. No caso de se tratar de pessoas com deficiência mental a situação é ainda mais óbvia.

2 comentários:

  1. Carlos Veloso da Veiga31 de março de 2014 às 16:17

    Como coordenador do estudo agradeço o facto de se ter referido ao mesmo no seu blog. Muito obrigado. Relevo que estamos de acordo sobre o que deve ser a inclusão social das pessoas com deficiência. E, muito importante, o facto de mencionar que existe uma cultura de "descrença" nas competências e capacidades das pessoas com deficiência, em especial das pessoas com deficiência mental. Em boa medida é isso que condena à partida as suas oportunidades de mais e melhor participação na vida da comunidade.

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  2. Olá Carlos, agradeço o comentário. O seu trabalho é interessante e vem ao encontro da minha tese orientando o critério de inclusão mais para a participação que para os resultados. Alguns trabalhos que tenho acompanhado sugerem níveis insuficientes de participação pelo que inclusão ... não existe. Teremos, falo sobretudo da área que conheço, a educação, "entregação", os miúdos estão "entregados", o envolvimento REAL nas actividades com pares é baixo. Bom trabalho

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