Defendo com muita frequência que o verdadeiro critério de avaliação
das políticas e práticas de inclusão envolvendo as pessoas com deficiência, considerando grandes domínios da vida das comunidades como educação, vida social e profissional, é o seu nível de
participação nos diferentes contextos em análise.
Nesta perspectiva, como já tenho referido, muitas crianças
crianças e jovens com necessidades especiais estão, por assim dizer, “entregadas”
em estruturas de ensino regular, é certo com apoios especializados embora nem
sempre isso aconteça por insuficiência de recursos, mas o seu nível de
participação nas actividades escolares com toda a restante população é baixa. Alguns
exemplos resultantes da forma como se tem vindo a processar o alargamento da
escolaridade obrigatória envolvendo jovens com necessidades especiais são
elucidativos, a sua participação nas actividades das comunidades escolares onde
desejavelmente estariam incluídos é baixíssimo, para ser simpático.
Em termos de actividades sociais o cenário é do mesmo tipo,
as pessoas com deficiência tendem a ser acantonadas em grupos e comunidades com
as mesmas problemáticas. Dito de outra maneira, com demasiada frequência, fazem
desporto entre si, convivem entre si, namoram entre si, fazem teatro entre si,
fazem música entre si, vão ao cinema em grupo, vão à piscina em grupo, etc.,
etc. Neste cenário, mais uma vez, temos um nível baixo de participação nas na
vida “normal” comunidades.
O estudo agora conhecido sugere a mesma linha de actuação no
que se refere à esfera da profissionalização.
Participação é interagir e envolver-se com a comunidade e
com todas as pessoas da comunidade na generalidade das actividades de acordo,
evidentemente com competências e capacidades, de qualquer um, e não só das
pessoas com deficiência.
A grande questão, já o tenho referido, é que apesar do empenho
e investimento que é colocado no trabalho e apoio a estas pessoas, muitos de
nós não acreditamos que eles … são capazes. No caso de se tratar de pessoas com
deficiência mental a situação é ainda mais óbvia.
Como coordenador do estudo agradeço o facto de se ter referido ao mesmo no seu blog. Muito obrigado. Relevo que estamos de acordo sobre o que deve ser a inclusão social das pessoas com deficiência. E, muito importante, o facto de mencionar que existe uma cultura de "descrença" nas competências e capacidades das pessoas com deficiência, em especial das pessoas com deficiência mental. Em boa medida é isso que condena à partida as suas oportunidades de mais e melhor participação na vida da comunidade.
ResponderEliminarOlá Carlos, agradeço o comentário. O seu trabalho é interessante e vem ao encontro da minha tese orientando o critério de inclusão mais para a participação que para os resultados. Alguns trabalhos que tenho acompanhado sugerem níveis insuficientes de participação pelo que inclusão ... não existe. Teremos, falo sobretudo da área que conheço, a educação, "entregação", os miúdos estão "entregados", o envolvimento REAL nas actividades com pares é baixo. Bom trabalho
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