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domingo, 23 de fevereiro de 2014

REFORMA DO ESTADO SOCIAL: O KIT DE SOBREVIVÊNCIA, A CAMA DE CARTÃO E A MALA DE CARTÃO


A oferta por parte de uma empresa de camas de cartão para pessoas sem abrigo no Porto, de excelente qualidade e funcionalidade ao que parece, constituirá um ensaio da Reforma do Estado em preparação, sobretudo na área do chamado Estado Social.
No trabalho em curso com o dedinho de Paulo Portas e ao que consta, a peça fundamental, agora diz-se estruturante, da Reforma do Estado será a oferta a cada recém nascido de um "Kit de Sobrevivência" que será produzido e distribuído por empresas que ao abrigo da chamada responsabilidade social, se disponibilizarão, desinteressadamente é claro, para tal tarefa de cooperação.
Esse "Kit de Sobrevivência" virá com um "manual de instruções" para além do material básico de suporte de vida e será distribuído logo à nascença e a todos os cidadãos incluindo os nascidos em famílias que, apesar da situação complicada, têm mantido melhor nível de vida. Na verdade, como sábia e oportunamente lembrou o Dr. Fernando Ulrich, qualquer pessoa pode ficar numa situação de sem abrigo, o que torna o Kit de Sobrevivência imprescindível, sobretudo quando não se está preparado para aguentar as agruras da luta pela vida.
Como bem lembrou Passos Coelho, durante este período muito complicado verificou-se um processo de selecção natural através do qual faliram as empresas mais fracas restando somente as  economicamente mais fortes, citando, “Esta selecção natural das empresas que podem melhor sobreviver está feita”.
Creio que teremos o mesmo processo aplicado aos cidadãos, através da selecção natural, suportada pelas mais clássicas visões darwinistas, os cidadãos que sobreviverem serão, seguramente, os mais aptos, mais fortes e mais bem preparados para o futuro.
O Estado Social cumpriu a sua função, distribuir o Kit de Sobrevivência a todos. Se, ainda assim, a coisa correr mal teremos então o recurso à cama de cartão ou, sempre com a ajuda de algumas beneméritas empresas,  a oferta de uma mala de cartão para algumas pessoas se fazerem à estrada.
Depois, bom depois, quem for vivo contará.

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