Depois da trapalhada com a retirada do ensino do
Inglês das facultativas Actividades de Enriquecimento Curricular e a sua colocação
na oferta formativa complementar que cada escola decide promover, bem como
do alarido criado com esta estranha decisão, o Ministro Nuno Crato, à
deriva, viu a salvação desresponsabilizante em "pedir ajuda" ao
Conselho Nacional de Educação relativamente a esta questão, o ensino
do Inglês no 1º ciclo.
Como não podia deixar de ser face à importância da
introdução precoce de uma língua estrangeira que, gostemos ou não, só pode
ser, evidentemente, o Inglês, o Conselho Nacional de Educação
pronunciou-se pela integração do Inglês no currículo obrigatório.
Assim, entende o CNE, o ensino do Inglês deverá ser obrigatório a partir do
3º ano, com um mínimo de duas horas semanais integradas na carga horária
curricular e, é importante registar, leccionado por professores com formação em
inglês, naturalmente, mas com competências didácticas e pedagógicas adequadas
ao ensino do inglês nesta faixa etária o que levantará algumas questões de operacioalização num tempo mais imediato. Estas competências didácticas e
pedagógicas serão certamente avaliadas pela sinistra Prova que Nuno Crato instituiu
para promover qualidade no sistema educativo.
No entanto, o parecer do CNE que não poderia ter outro
sentido, vem, apesar de não ser vinculativo, criar um problema ao Governo.
Em 25 de Outubro de 2013, quando se levantou o alarido com a
retirada do Inglês das facultativas Actividades de Enriquecimento Curricular
para integrar a oferta formativa complementar de cada escola, foi apresentada
no Parlamento uma proposta legislativa no sentido de tornar o ensino do Inglês
obrigatório no 1º ciclo. Acontece que PSD e CDS-PP chumbaram, isso mesmo,
chumbaram a proposta pois, como é habitual, a gestão dos interesses mesquinhos
da partidocracia sobrepuseram-se ao interesse comum.
Assim sendo e como os políticos em Portugal, são na sua
esmagadora maioria são pessoas de convicções sólidas e coerentes nas suas
ideias, os deputados da maioria manterão provavelmente a sua posição e
recusarão que o parecer possa ser levado à prática introduzindo o Inglês no
currículo obrigatório do 1º ciclo.
PS - Entretanto, o Ministro Nuno Crato, apesar de ainda não ter lido o parecer do CNE considerou-o um "documento fundamental" para definir políticas nesta matéria indo proceder ao seu estudo com "toda a atenção" e tê-lo em "devida conta".
Como ainda não leu o parecer, talvez Crato não saiba que o CNE propõe a contratação de docentes devidamente qualificados para o ensino do inglês a alunos do 1º ciclo. Aqui é que a "porca torce o rabo". Mais professores? Não pode ser a não ser que ... aquela gente sem emprego, descartável, que dava umas aulas de inglês nas AECs ou na oferta formativa complementar paga, quando paga, miseravelmente possa, em outsourcing, com a comparticipação dos pais e o apoio de algumas empresas, ensinar inglês aos miúdos.
Deviam aproveitar os docentes de AECs que, não tendo outra hipótese de exercer a profissão senão aproveitando estas horas, foram fazendo formação e adquirindo saber... aquele de experiência feito. Mas aposto que esses serão mais uma vez descartados, são o parente pobre da classe. Maus profissionais existem em todas as profissões mas felizmente tenho visto excelentes professores de inglês nas AECs, mesmo não tendo canudo no ensino precoce da língua. Estão é nisto há 8, 9 anos e tiveram que se adaptar e ir melhorando... a necessidade aguça o engenho. Existem sítios por aí em que o inglês no 1º ciclo é um sucesso, e é a esses docentes que o devem.
ResponderEliminarTambém me parece que podem ser utilizados docentes com essa experiência embora, como saiba, coexistem como diz excelentes práticas com intervenções muito desajustadas. Importa ainda considerar que o Inglês integrado no currículo obrigatório requer uma abordagem com alguns contornos diferentes de uma actividade facultativa. Ainda assim, dramaticamente, muitos professores, não só das AECs, vão sendo considerados "descartáveis" como muitas vezes aqui tenho escrito
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