AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A ARROGÂNCIA DA IGNORÂNCIA E DO PRECONCEITO DE PIRES DE LIMA


O Ministro Pires de Lima referiu também o elevado nível de doutorados 'per capita' em Portugal por oposição ao baixo número de doutorados nas empresas.
E referiu, “É preciso de facto investir, dar continuidade à trajetória de investimento, mas também procurar criar um modelo de estímulos e de sinais que ligue a investigação, a ciência, a educação à vida concreta e real das empresas e que se traduza em produtos, marcas e serviços que possam fazer a diferença no mercado e devolver à sociedade o investimento que fizemos".
Estas afirmações de Pires de Lima são profundamente coerentes com a negrura crática que cai sobre a investigação em Portugal, isto é, cortar nos apoios, ser altamente competivo e eliminar a investigação em ciências sociais e das humanidades. É, aliás, elucidativa a entrevista do Presidente da FCT, Miguel Seabra no Público, que, em modo Crato, tortura números e produz um discurso manhoso negando a realidade, o desinvestimento na investigação, em particular nas ciências sociais e das humanidades e a trágica consequência da partida ou desistência de milhares de jovens, e não só, investigadores.
São afirmações arrogantes pois fala do que manifestamente desconhece insultando o trabalho científico com fortíssimo reconhecimento internacional que muita gente realiza em instituições portuguesas e que regularmente obtém prémios e referências de mérito. É arrogante quando fala do "conforto de estar longe das empresas" quando boa parte dos investigadores, sobretudo os mais novos, desenvolvem o seu trabalho, sem perspectiva de carreira e apenas apoiados no mérito científico dos projectos em que se envolvem que lhes possibilita o financiamento e a sobrevivência agora ameaçada por uma política negra e delinquente do MEC. Muitos deles irão confortavelmente emigrar.
Pirese de Lima é ainda arrogante porque não se interroga sobre as razões pelas quais as empresas não integram doutrados, não será certamente por vontade dos doutorados como as suas palavras dão a entender. Os doutorados querem, precisam de trabalho e carreira, nas empresas ou nos centros de investigação, realidade que o Ministro obviamente desconhece.
Pires de Lima revela ainda uma concepção que transforma a investigação num sector das empresas, cuja presença "se traduza em produtos, marcas e serviços que possam fazer a diferença no mercado e devolver à sociedade o investimento que fizemos". Mais uma vez a ignorância sobre a ciência, o seu desenvolvimento e o papel fundamental no desenvolvimento das sociedades, eliminando pura e simplesmente as ciências sociais e das humanidades, evidentemente inúteis por não criarem "produtos, marcas e serviços" como por ignorância e preconceito entende Pires de Lima, tal como, aliás, Nuno Crato.
Para além do alerta muito sentido do Professor Alexandre Quintanilha, um cientista que vive no conforto de não conhecer o "mundo real" sobre a destruição da investigação em Portugal, cada vez me lembro mais de uma notável entrevista realizada em Março de 2013 ao Professor Sobrinho Simões, reconhecido investigador e director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular do Porto, uma das mais prestigiadas instituições portuguesas de investigação e que evidentemente viverá no conforto de estar longe das empresas e da vida real e na qual alertava para os feitos graves dos cortes cegos no financiamento da investigação. Dizia Sobrinho Simões na mesma entrevista que “a frágil formação superior dos políticos” e os cortes financeiros impostos pela troika são um “cocktail perigoso” para  o universo da investigação em Portugal, acrescentando que "os nossos políticos têm um problema ... alguns não se apercebem do valor do ensino superior e da investigação".

3 comentários:

  1. Um País que não invista na educação, ciencia, investigação, não tem futuro e Um País tem a sua maior riqueza, nas pessoas, e se apenas trata os cidadãos como contribuintes, mais vale fechar as portas.
    Penso que vamos continuar a assistir a uma contínua vaga de emigração de cérebros.

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  2. É o que se vislumbra, partem à procura de um futuro que não encontram cá

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  3. Vamos ser sempre um País triste e podre se deixarmos sair os nossos cérebros!Por causa de não investirem na ciência!

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