É hoje divulgado mais um
edificante episódio da despudorada promiscuidade entre os negócios, a classe
política, os dinheiros públicos, o tráfico de influências e o amiguismo, algumas das mais profundas
características da partidocracia e dos aparelhismos que a sustentam.
Desta vez envolve
Agostinho Branquinho, antigo deputado do PSD e actual secretário de Estado da
Segurança Social, detentor de uma
empresa a que também Aguiar-Branco esteve ligado, à qual foi adjudicada, em
termos mais do que duvidosos uma campanha de comunicação do Programa Foral gerido
por Miguel Relvas. Verbas do mesmo Programa financiaram também, está um processo a decorrer, a famosa Tecnoforma, a que Passos Coelho também esteve ligado, que formava técnicos de aeronáutica em autarquias sem aeródromo. Curiosamente, o Primeiro-ministro, aparentemente sem se rir, mostrou-se hoje muito crítico do despesismo dos últimos 20 anos, pois realizaram-se “investimentos que
custaram muito dinheiro e que não têm qualquer utilização”. Tudo vale a pena quando a "lata" não é pequena.
A roda livre de
impunidade e incumprimento dos mais elementares princípios éticos quando não da
lei, produziu nas últimas décadas uma verdadeira família de gente que, à sombra
dos aparelhos partidários e através de percursos políticos, se movimentam num
tráfego intenso entre entidades e empresas públicas e estruturas
privadas, envolvendo-se frequentemente em negócios que insultam os
cidadãos. Esta família alargada envolve gente de vários quadrantes sociais e
políticos com uma característica comum, os negócios obscuros, e tem membros
destacados como Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Duarte Lima, Isaltino Morais
entre tantos outros com menos impacto mediático, mais discretos na função
ou no comportamento.
Acontece ainda e isto tem
efeitos devastadores, que muitos dos negócios que esta família vai realizando,
envolvendo com frequência dinheiros públicos ou, caso da SLN/BPN, com
consequências pesadíssimas para os contribuintes.
Entretanto, do outro lado
desta família que se protege e apoia, temos quase três milhões de portugueses em situações
de pobreza e exclusão, um milhão e meio de desempregados e a esmagadora maioria
da população esmagada por políticas de austeridade que sacrificam a dignidade e
ameaçam a sobrevivência. Certamente por coincidência, hoje também são revelados alguns dados de um estudo envolvendo diferentes países mostrando que, depois de pagas as
despesas, 39% dos portugueses afirmam ficar sem dinheiro para o resto do mês, 38% refere
“grande dificuldade” e 29% dos inquiridos dizem não ter dinheiro suficiente
para uma vida que consideram digna.
Todos os membros da
família, quando questionados sobre os seus negócios ou envolvimento em
algo, afirmam, invariavelmente que tudo é feito tudo dentro da lei, nada de
incorrecto e, portanto, estão sempre de consciência tranquila.
Também me lembro de após
o conhecimento sobre vertiginosa licenciatura do “Dr.” Relvas, este ter
afirmado que tudo tinha sido feito dentro da lei e estava de consciência
tranquila. Também alguns dos intervenientes e responsáveis pelo negócio hoje
conhecido já manifestaram a sua absoluta tranquilidade.
Alguém poderia explicar a
esta gente que, primeiro, não somos parvos e, segundo, o que quer dizer
consciência.
Esta é a pantanosa
pátria, nossa amada.
Os mafiosos são indefiníveis, a família é apenas uma: POLÍTICA!
ResponderEliminarIntrinsecamente não somos parvos.
Mas somos lorpas quando vamos ás urnas.
VIVA!