AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 19 de novembro de 2013

VEJA LÁ O QUE PODE FAZER. Outro diálogo improvável

Bom dia, Sra. Professora, sou a mãe do Zé Francisco, ele  disse-me que queria falar comigo mas não me disse porquê.
Bom dia, é verdade, não disse ao Zé Francisco mas eu e os meus colegas estamos preocupados com ele.
Porquê? Ele fez alguma asneira?
Não, ele porta-se bem, a questão é que parece ter dificuldade em acompanhar os colegas, parece com dificuldade em compreender algumas das matérias que ensinamos.
Pois ele às vezes pede ajuda lá em casa mas a Sra. Professora sabe, nem eu nem o meu marido estudámos, a gente não o sabe ajudar. Aqui na escola não podem dar-lhe assim uma ajuda, já ouvi falar que há meninos que têm apoio de outros professores.
Pois mas para o Zé Francisco vai ser difícil, agora temos menos professores para dar esses apoios e têm que olhar primeiro para os alunos com mais dificuldades.
E assim nas aulas, não podem ver se ele percebeu bem?
Nós bem queríamos ter mais tempo para ajudar os alunos, mas  na turma do Zé Francisco são 26 alunos, todos muito diferentes, temos uma menina que compreende mal o português e estão lá três meninos com necessidades especiais, o que nem pode acontecer mas não conseguimos fazer de outra forma. É impossível dar alguma atenção a um aluno, temos os outros todos a espera.
Pois é, mas gostava tanto que o Zé Francisco estudasse um bocado mais do que eu e o meu marido. Ele parece um rapaz esperto, lá em casa ajuda o pai mesmo em coisas que pessoas mais  velhas não fazem bem.
Eu percebo, mas aqui na escola não conseguimos fazer melhor. Não tem quem lhe possa dar um ajuda?
A minha sobrinha anda numa explicação mas eu não posso pagar o dinheiro que custa, eu estou desempregada e é só o meu marido a ganhar. Aqui na escola também já ajudam menos no SASE. Foi muito difícil conseguir comprar tudo para este ano, são mais coisas do que quando andava no 4º ano. Mas fazemos sacrifícios para ver se o Zé Francisco era alguém, ele diz que gosta de estudar.
Eu compreendo minha senhora, mas não podemos fazer mais, veja lá o que pode fazer.
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