Inicia-se hoje o período de inscrição na Prova de
Avaliação de Conhecimentos e Capacidades, destinada aos professores sem vínculo.
Apesar das iniciativas legais das organizações de professores, o Ministério da
Examinação, desculpem, o MEC, teima nesta narrativa, como agora se diz.
Ainda não se conhece o guião da que será e o processo
ainda está em curso pelo que retomo algumas notas sobre exame de acesso à
carreira docente, perdão, Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades em
mais uma habilidade de manhosa com as designações.
Como tenho referido, de uma forma pouco
sustentada, do meu ponto de vista, o MEC estabelece o exame de acesso à
carreira docente, perdão a Prova de Avaliação Conhecimentos e
Capacidades, para todos os professores que não tenham vínculo à função pública
o que cria a incompreensível situação de milhares de professores com muitos
anos de prática avaliada positivamente terem de se submeter a essa prova que,
obviamente, não avalia de forma alguma as Capacidades de um professor, tal
objectivo consegue-se com prática acompanhada e não com uma prova de
conhecimentos e capacidades.
Neste contexto, foi entretanto divulgado que a
componente comum deste exame será constituída por uma só questão, "de
desenvolvimento" na gíria da avaliação, e terá entre 250 e trezentas
palavras como limite na resposta. Notável.
Depois da deriva sobre o impacto do exame e dos
pagamentos para sua realização, o MEC assume o despudor e a incompetência de
entender que avalia num texto com 350 palavras no máximo, estas notas têm 429
palavras, as "Capacidades", isto é, as competências e qualidades de
um professor para além dos aspectos científicos que constituem a componente
específica da prova. Relembro que estamos, também, a falar de professores com
muitos anos de experiência e com prática avaliada positivamente. Não sei se
fico envergonhado, muito, se indignado, muito.
Ficámos também a saber que alguns professores
correctores dos exames nacionais terão sido convidados pelo MEC para examinar os seus
colegas recebendo 3 € por resposta corrigida podendo avaliar até 100 provas.
Estes professores irão avaliar em 350 palavras se o seu colega do lado com
vários anos de experiência, avaliado ao longo dos pode, ou não, aceder à
carreira da qual tem feito funcionalmente parte funcional ainda que na situação
de permanente descartável.
Do meu ponto de vista é a cereja em cima do bolo
da incompetência e da indignidade deste processo.
Não estou profissionalmente envolvido nesta
situação, por isso, talvez cometendo um abuso, creio que os professores
"séniores" não deveriam colaborar num processo desta natureza e com
estes objectivos e formato.
Não pode valer tudo.
Confesso que desconheço as consequências dos resultados dos exames.
ResponderEliminarAo longo dos 35 anos da minha carreira profissional muitas vezes fui avaliado sem interveniência minha e outras tantas fazendo provas de conhecimentos e capacidades.Nunca me preocupei nem tão pouco o meu sindicato veio a terreno insurgir-se contra qualquer espécie de prova.
Quem está seguro do seu bom desempenho profissional não tem que ter receio algum.
Esta conversa faz-me recordar que existem lobbies que necessitam de fortes e claras provas de vida.
VIVA!
É mesmo desconhecimento e a prudência aconselha que se fale do que se conhece ou sabe
ResponderEliminarFui claro! Apenas desconheço as consequências, disse eu...
ResponderEliminarQuanto ao resto reafirmo o que comentei salientando "QUEM ESTÁ SEGURO DO SEU BOM DESEMPENO PROFISSIONAL NÃO TEM QUE TER RECEIO ALGUM"
VIVA!
POST SCRIPTUM
ResponderEliminarNo entanto agradeço-lhe o conselho, Senhor Professor.
VIVA!
Atualmente, a preocupação é:
ResponderEliminarOs professores com alguns anos de carreira realizarem e ser avaliados numa prova.
Coloco uma questão?
Só para esses professores é que a realização da prova está em discussão? E então, os professores que não lecionaram, ou não têm vínculo, ou estão a prosseguir os seus estudos, nomeadamente num mestrado para o ensino também deviam estar a ser "comentados". Pagam-se propinas e prestam-se provas.
Sr. não sei quem sou:
ResponderEliminarNinguém tem medo de prova nenhuma! O que não se admite é que o MEC venha inventar maneiras de quem há vários (20, no meu caso) anos é professor, avaliado anualmente, poder aceder à carreira. Que deixem de ser cínicos, hipócritas e mentirosos e digam a verdade por trás da prova. E, sobretudo, se há professores a mais, porque continuam a investir na sua formação? Haja coerência e vergonha na cara. E pior: pagar 20 euros no acto da inscrição??? Só podem estar a gozar. Quer dizer, cobram 20 euros para pagar 3 euros a quem corrige! Grande negócio, não? As fotocópias estão caras lá no MEC, só pode!
E os professores do particular? Esses são todos tão bons que não precisam de prestar provas? Ou aí já não é responsabilidade do MEC, porque não lhes paga o ordendado? Então não é o MEC que os financia? Não, não é, somos todos e o senhor também! Eu tenho um diploma que me confere habilitação para a docência com data de 2013! Acha que não estou habilitada? Já fiz todas as provas que me pediram para o obter e não custou 20 euros, não. Já não chega?
Perdão, uma correção:
ResponderEliminarO meu ÚLTIMO diploma que me confere habilitação para a docência, tem data de 2013 (sim, porque tenho vários!)
Senhora Professora Cristina Neto
ResponderEliminarExcelente explicação sobre as intenções do MEC.
Os meus agradecimentos
VIVA!
O que é um bom professor?
ResponderEliminar-Aquele que só sabe argumentar de forma eloquente, que tem um discurso oral e escrito elaborado, que "divulga", de forma superior, as suas ideias, junto dos seus alunos e que, de uma forma tão distinta, não se encontra na "proximidade" deles e, por isso, não consegue fazer passar a mensagem?
- Aquele que, sabendo do que fala, "explora" com os alunos, que todos os dias se tenta aperfeiçoar, que ri e chora com eles, que os consegue motivar, que os faz gostar um pouco mais da escola, que não é brilhante nas palavras escritas, que não tem vergonha de dizer "isso não sei" mas vamos procurar em conjunto, que os ajuda a crescerem como pessoas?
O que queremos para os nossos filhos?
Acham, por acaso, que são as palavras que fazem toda a diferença? Como se mede envolvimento, paixão, disponibilidade, persistência, criatividade? Em quantas palavras?
Será que chegam 350?