AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

OS RECREIOS ESCOLARES

O julgamento que hoje se iniciou de um grupo de alunos do Colégio Militar que terão infligido maus tratos a colegas mais novos leva-me a umas notas.
Com as mudanças provocadas pela PEC - Política Educativa em Curso, agrupamento de escolas e aumento do número de alunos por turma, temos estabelecimento escolares com um número muito significativo de alunos de idades bem diferenciadas a conviver no mesmo espaço físico. Por outro lado, os sucessivos cortes de professores e de funcionários leva  a que as escolas tenha uma enorme dificuldade, aliás, recorrentemente referida na comunicação social, em assegurar o seu funcionamento em patamares aceitáveis de qualidade e eficácia.
Uma das consequências implica a dificuldade em assegurar uma supervisão adequada dos espaços de recreio e não lectivos o que, considerando o número de alunos e as diferenças de idade, poderá potenciar o risco de comportamentos desajustados entre os alunos.
É reconhecido que os problemas mais significativos sentidos nas escolas, indisciplina, violência, delinquência, bullying, etc. ocorrem em grande parte nos recreios pelo que, afirmo-o muito frequentemente, me parece fundamental que se dê atenção educativa aos tempos e espaços de recreio escolar.
Em muitas escolas a insuficiência de pessoal auxiliar, agora baptizados “assistentes operacionais” muito agravada nos tempos que correm como já referi, não permite a ajustada supervisão desses espaços. Por outro lado, a sua formação em matérias como supervisão educativa e mediação de conflitos, por exemplo, e/ou, o entendimento que têm das suas competências, muitas vezes não valorizadas pela própria comunidade educativa e geral, leva a alguma negligência ou receio de intervenção.
Talvez não seja muito popular mas digo de há muito que os recreios escolares são dos mais importantes espaços educativos, aliás, muitas das nossas memórias da escola, boas e más, passam pelos recreios. Neste sentido, defendo que a supervisão dos intervalos deveria ser da responsabilidade de docentes e, porque não, envolvendo também alunos. Para isso torna-se necessário recursos e formação, matérias que estão a sofrer uma colossal austeridade e enviar milhares de professores para o desemprego.
A reestrutura da enorme carga burocrática do trabalho dos professores, dos modelos de organização e funcionamento das escolas, por exemplo, poderiam também libertar horas de docentes para esta supervisão que me parece desejável.
A boa e atenta “profes-vigilância” é mais eficaz que um invisível “big brother”, por exemplo a vigilância electrónica, que alguns defendem, ou a presença regular inviável e indesejável de elementos forças de segurança nos espaços escolares como já tenho ouvido defender.
É hoje aceite a importância do clima da escola como factor associado ao sucesso do trabalho de alunos e professores e a minimização dos problemas ligados ao comportamento e à indisciplina.
No entanto, como noutras matérias, as decisões de política educativa não relevam do que se sabe ser bom para alunos, professores e pais, mas de critérios de outra natureza, mais ou menos implícita de que aqui também já temos falado.

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