AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

UM RAPAZ CHAMADO METE MEDO

Era uma vez um rapaz chamado Mete Medo. Tinha por aí uns 14 anos e andava numa escola onde toda a gente olhava para ele e achava, Mete Medo. Os colegas, sobretudo mais novos, gostavam de passar por amigos dele, do Mete Medo. Outros não se davam muito com ele porque sabiam que ele Mete Medo.
Os professores, na sua maioria, não gostavam de o ter nas aulas porque o Mete Medo conseguia, quase sempre, que os trabalhos não decorressem bem. Os professores também achavam que o Mete Medo não se deixava controlar e fazia quase só o que lhe apetecia. A vida do Mete Medo era assim uma espécie de representação permanente para os seus colegas que o achavam capaz de tudo e mais alguma coisa, próprio de um Mete Medo.
Um dia, o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros entrou na turma do Mete Medo para conversar um bocado com eles pois o professor que deveriam ter precisou de faltar. Como era habitual, o Mete Medo começou o seu espectáculo para os colegas procurando, sobretudo, mostrar ao Professor Velho como era terrível. Depois de alguns avisos e discussão o Mete Medo estava a conseguir o costume, o grupo virado do avesso e o professor a ficar aflito, pensava ele. Às tantas, o Professor Velho voltou-se para a turma e disse-lhes para saírem da sala à excepção do Mete Medo. Quando se viu só na sala, apenas com o Professor Velho, sem o grupo a assistir, o Mete Medo ficou aflito e pela primeira vez de há muito, a achar que não ia meter medo.
O Professor Velho tinha percebido que o Mete Medo era uma máscara que um rapaz, na verdade chamado Assustado, tinha construído, atrás da qual vivia e sem a qual se sentia perdido.

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