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terça-feira, 24 de setembro de 2013

ALGUÉM QUE PASSA MAL, DIFICILMENTE SE SENTE BEM

Segundo dados hoje conhecidos, continua a verificar-se o aumento do consumo de medicamentos psicotrópicos, assumindo especial significado os antidepressivos, transformando Portugal num dos países com taxas mais altas de consumo deste tipo de fármacos e que é consistente com uma taxa de prevalência significativa de patologias neste universo da saúde mental. Cerca de 15% da população portuguesa apresenta quadros patológicos de ansiedade e depressivas graves a moderadas, dados de 2010, que são muito superiores ao que se verifica noutros países, é duas vezes a que se verifica na Alemanha, por exemplo.
Embora os especialistas expressem alguma reserva no estabelecimento de relações de causa-efeito entre os quadros de saúde mental e as condições sócio-económicas difíceis que atravessamos regista-se um aumento da procura nas consultas de pessoas em situações fragilizadas no quadro de desemprego e dificuldades económicas.
Sendo certo que não poderemos estabelecer de forma ligeira uma relação causal entre a saúde mental e as condições de vida, é também claro que não podem dissociar-se, numa linguagem simples, alguém que passa mal, dificilmente se sentirá bem.
Em muitas famílias, as dificuldades podem ser tão significativas, o desemprego do casal, por exemplo, que a desesperança instalada se constitua como gatilho para situações de mal-estar e o recurso a consultas, fármacos, consumo de álcool ou droga, ou ainda em caso limite à tentação do suicídio, uma preocupação que originou um Plano de Prevenção a operacionalizar, podem aparecer como uma via que se não deseja mas a que não se resiste.
Na verdade, a resiliências das pessoas tem limites.
Por outro lado, apesar de querer ser optimista a experiência tem mostrado que a doença mental é, nas mais das vezes, um parente pobre no universo das políticas de saúde. Quando a pobreza das pessoas aumenta e a pobreza dos meios e recursos também aumenta, o quadro é ainda mais grave.

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