Depois de em 2011 ter criado um dispositivo de leitura prévia dos comentários on-line na sua página, o Público
decidiu agora não aceitar comentários anónimos.
Propositadamente, estou a escrever estas notas
sem ter lido eventuais comentários on-line a esta decisão do jornal.
Algumas notas enquadrando as duas decisões ainda que
espaçadas no tempo.
Em primeiro lugar e como é óbvio, fazer um exame
prévio e decidir sobre a divulgação é a instituição de um dispositivo de censura.
Deste ponto de vista é, no mínimo, discutível se a censura a um comentário não
colide com um direito, a liberdade de opinião. Entendo que o risco pode estar
presente e que temos que ser cautelosos na gestão e transparência dos critérios
que são utilizados na avaliação sendo que com alguma frequência surgem
referência de leitores a comentários alegadamente não aprovados, censurados.
Por outro lado, como frequentador habitual da
imprensa on-line, blogger e participante na emissão de opiniões e comentários
que me parecem enriquecedores da participação e reflexão cívicas, sinto-me
diariamente embaraçado com a alarvidade, a boçalidade e a ausência de qualquer
conjunto de princípios básicos de tolerância e capacidade de discussão
evidenciadas em muitas das participações em todos os órgãos de comunicação. O
insulto eticamente obsceno, a ignorância, o sectarismo cego mostram o lado pior
de alguns nós.
No que respeita à decisão de agora relativa à
eliminação do anonimato subscrevo-a. A utilização sistemática do anonimato ou
do “nick” que mascara identidades, tornam “corajosos” meia dúzia, um pouco
mais, de terroristas verbais que nas mais das vezes nem resposta merecem.
Confesso que até mais do que o conteúdo dos comentários me embaraça o recurso ao
anonimato na troca de opiniões e ideias.
É verdade e justo que se diga que a maioria dos
comentários expressa de forma séria, opiniões, juízos, ideias, etc. que justamente
por isso mais dificuldade tenho em entender que esses comentários sejam "anónimos".
Neste contexto, entendo as decisões do Público.
No entanto, importa estar permanentemente atentos aos critérios de decisão sobre a
publicação ou não dos comentários e, sobretudo, que esses critérios não se
coloquem ao serviço de outras agendas ou interesses.
Eu claramente deixarei de comentar o Público. Acho o registo uma pré-forma de censura e enformando um certo paternalismo. A boçalidade não advém do anonimato e vice-versa.
ResponderEliminarEnfim, andamos como é habitual a discutir assumptos laterais e a tapar o sol com uma peneira.
Não creio que ninguém sério e com ideias para partilhar e discutir em comunidade estará satisfeito em ver-se no meio da boçalidade, da asneira, da ignorância e simplesmente dos profissionais do anonimato! Só este facto permite isso. Não creio que a sua debandada faça alguma mossa, pelo contrário, é uma higienização...
ResponderEliminarTenho muita pena, mas a razão não vos assiste. Não terá sido a boçalidade que assustou alguém... Pois com essa há séculos que neste país à beira-mar plantado se convive bem...
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