Na 1ª fase de candidatura ao ensino superior
verificou-se um abaixamento de cerca de 5 000 inscritos face ao ano anterior.
Mais do que poderá significar este abaixamento, é
preciso que o processo termine e se conheçam números finais que avaliem também aspectos demográficos e o impacto de dificuldades económicas das famílias, parece-me
importante considerar que dos cerca de 160 000 alunos inscritos nos exames da
primeira fase, apenas 57% manifestavam intenção de frequentar o ensino superior
e destes, apenas 44% procederam a matrícula.
Temo que o número relativamente baixo de alunos
com a intenção de adquirir formação de nível superior possa estar ligada à
perversa e errada ideia do “país de doutores”, que muitas vezes com o auxílio
de uma imprensa preguiçosa e negligente se foi instalando a propósito do número
de jovens licenciados no desemprego e da conclusão de que “não vale a pena
estudar”, um verdadeiro tiro no pé e que não corresponde de todo à verdade.
Em primeiro lugar, os jovens licenciados não
estão no desemprego por serem licenciados, estão no desemprego porque temos um
mercado pouco desenvolvido e ainda insuficientemente exigente de mão-de-obra
qualificada e muitos estão no desemprego porque, por desresponsabilização da
tutela, a oferta de formação do ensino superior é completamente enviesada
distorcendo o equilíbrio entre a oferta e a procura.
A qualificação profissional, de nível superior ou
não, é essencial, continuamos com taxas de formação superior abaixo das médias
europeias, como também é essencial a racionalidade e regulação da oferta do
ensino superior e, naturalmente, a regulação eficaz do mercado de trabalho
minimizando o abuso do recurso à precariedade.
Como sempre que abordo estas matérias, finalizo
com a necessidade de, uma vez por todas, evitar o discurso
"populista" do país de doutores, continuamos com uma enorme
probabilidade não cumprir a meta europeia para 2020 de 40% de licenciados no
escalão etário 30-34 anos.
Trata-se de um enorme erro e pode desincentivar a
busca por qualificação o que terá consequências gravíssimas.
O entusiasmo, orgulho e apoio que a Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, suscita ao Sr. Ministro da Educação, Prof. Nuno Crato, é partilhado por sucessivos titulares do Ministério com a Tutela do Ensino Superior, nomeadamente, pela Sr.ª Prof.ª Maria da Graça Carvalho, titular da pasta do Ensino Superior nos XV e XVI Governos Constitucionais, como resulta da vibrante intervenção da mesma Senhora, no dia 24 de Maio de 2013, na inauguração das instalações da Escola Superior de Desporto de Rio Maior:
ResponderEliminarhttp://www.gracacarvalho.eu/xms/files/ACTIVIDADE_EM_PORTUGAL/OUTRAS_ACTIVIDADES/2013/5_24-05-2013_IP_Santarem/Speech_final_site.pdf
Enfim, é a FOLGOZA.
Num ensino superior politécnico público que já anunciava doutoramentos, em parcerias com universidades, o panorama da habilitação dos seus docentes é elucidativo, pelo menos, segundo dados divulgados pela Direcção-Geral do Ensino Superior, “Análise de todos os Docentes em 2008 por Categoria”, INDEZ2008, reportados a 31 de Dezembro de 2008, num universo de 8.181 docentes, no ensino superior politécnico, 35 tinham habilitação ignorada e os demais a seguinte habilitação: - 49 décimo segundo ano ou menos; - 30 Curso de Especialização Tecnológica; - 111 Bacharelato; - 2.796 Licenciatura; - 73 Pós-Graduação; - 3.602 Mestrado; - 1.485 Doutoramento.
ResponderEliminarSegundo dados da mesma Direcção-Geral, o REBIDES, no ano lectivo 2011/12, no ensino superior politécnico público num universo de 10.284 docentes, 104 têm habilitação não especificada, e os demais a seguinte habilitação: - 66 Bacharelato; - 3. 390 Licenciatura; - 4.255 Mestrado; - 2. 496 Doutoramento.
Ou seja, mais de 75% dos docentes do ensino superior politécnico público nem sequer são doutorados.
Acresce que, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o nº de docentes do ensino superior politécnico público aumentou cerca de 26%.
Não obstante, ser sabido que o n.º de alunos no ensino superior politécnico há muito que tem vindo a decrescer…
A menor qualificação académica dos docentes do ensino politécnico público - em que mais de 75% dos docentes não são doutorados – mas que auferem remunerações equivalentes às dos docentes universitários, independentemente do grau académico de que sejam titulares, ou mesmo de serem titulares de um grau académico – radica no facto de no ensino superior politécnico público não ser necessário que sejam mais qualificados academicamente para ministrarem a sua oferta educativa de Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos.
Ainda que alguns Mestrados – e os Doutoramentos – sejam omissos da oferta educativa divulgada no site da Direcção-Geral de Ensino Superior.
Enfim, é a FOLGOZA.
Mas, há muito que a Universidade PÚBLICA portuguesa também se envolveu nos Doutoramentos do ensino politécnico PÚBLICO.
ResponderEliminarComo é exemplo, o Doutoramento em Ciências do Desporto, da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira, constante da oferta educativa anunciada na página 5 do Caderno de Ensino, da edição de 3.7.2008, do jornal “O Mirante”. Desta feita, nesta fonte, este Instituto Politécnico anuncia, em parceria com a Universidade de Leida, Doutoramento em Educação na Escola Superior de Educação de Santarém.
Enfim, é a FOLGOZA.
A ideia com que uma pessoa fica, ao falar com quem encontra, é de que há demasiados licenciados. Realmente... Como eles distorcem a informação!
ResponderEliminarGraças ao seu blogue, que costumo acompanhar, sei que a verdade é que Portugal, em proporção, comparado com outros países europeus, até tem poucos licenciados.
Este ano estou com vontade de ir tirar outra licenciatura.
Cara Cláudia Lopes,
ResponderEliminara sua perspectiva não podia estar mais correcta, creio. Tenho para mim que as qualificações nunca são demais. E ainda que se trata de matéria absolutamente essencial para o desenvolvimento (i)material das sociedades.
Se no motor de busca pesquisarem:
ResponderEliminarAnexo Técnico nVI –UMa – IPS.tif – GPC – Universidade da Madeira
Vão encontrar um ficheiro PDF, que encerra um documento que ficará para a história do ensino superior – PÚBLICO - e nessa medida, caso nele tenham interesse, aconselho que façam a sua impressão, enquanto está disponível. Documento este, que nos permite perscrutar o modus operandi seguido para o Doutoramento em Ciências do Desporto, da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira. E, com alguma ironia, até concluir que, no ensino superior público português, é muito mais fácil ministrar um Doutoramento do que uma Licenciatura.
Não fora este documento ser o princípio do fim da Universidade Pública, quantos mais empreendedores, em nome do princípio da igualdade, num futuro próximo não seriam tentados a fazer parcerias idênticas.