AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 10 de agosto de 2013

A ERRADA IDEIA DE UM PAÍS DE DOUTORES

Na 1ª fase de candidatura ao ensino superior verificou-se um abaixamento de cerca de 5 000 inscritos face ao ano anterior.
Mais do que poderá significar este abaixamento, é preciso que o processo termine e se conheçam números finais que avaliem também aspectos demográficos e o impacto de dificuldades económicas das famílias, parece-me importante considerar que dos cerca de 160 000 alunos inscritos nos exames da primeira fase, apenas 57% manifestavam intenção de frequentar o ensino superior e destes, apenas 44% procederam a matrícula.
Temo que o número relativamente baixo de alunos com a intenção de adquirir formação de nível superior possa estar ligada à perversa e errada ideia do “país de doutores”, que muitas vezes com o auxílio de uma imprensa preguiçosa e negligente se foi instalando a propósito do número de jovens licenciados no desemprego e da conclusão de que “não vale a pena estudar”, um verdadeiro tiro no pé e que não corresponde de todo à verdade.
Em primeiro lugar, os jovens licenciados não estão no desemprego por serem licenciados, estão no desemprego porque temos um mercado pouco desenvolvido e ainda insuficientemente exigente de mão-de-obra qualificada e muitos estão no desemprego porque, por desresponsabilização da tutela, a oferta de formação do ensino superior é completamente enviesada distorcendo o equilíbrio entre a oferta e a procura.
A qualificação profissional, de nível superior ou não, é essencial, continuamos com taxas de formação superior abaixo das médias europeias, como também é essencial a racionalidade e regulação da oferta do ensino superior e, naturalmente, a regulação eficaz do mercado de trabalho minimizando o abuso do recurso à precariedade.
Como sempre que abordo estas matérias, finalizo com a necessidade de, uma vez por todas, evitar o discurso "populista" do país de doutores, continuamos com uma enorme probabilidade não cumprir a meta europeia para 2020 de 40% de licenciados no escalão etário 30-34 anos.
Trata-se de um enorme erro e pode desincentivar a busca por qualificação o que terá consequências gravíssimas.

6 comentários:

  1. O entusiasmo, orgulho e apoio que a Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, suscita ao Sr. Ministro da Educação, Prof. Nuno Crato, é partilhado por sucessivos titulares do Ministério com a Tutela do Ensino Superior, nomeadamente, pela Sr.ª Prof.ª Maria da Graça Carvalho, titular da pasta do Ensino Superior nos XV e XVI Governos Constitucionais, como resulta da vibrante intervenção da mesma Senhora, no dia 24 de Maio de 2013, na inauguração das instalações da Escola Superior de Desporto de Rio Maior:

    http://www.gracacarvalho.eu/xms/files/ACTIVIDADE_EM_PORTUGAL/OUTRAS_ACTIVIDADES/2013/5_24-05-2013_IP_Santarem/Speech_final_site.pdf

    Enfim, é a FOLGOZA.


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  2. Num ensino superior politécnico público que já anunciava doutoramentos, em parcerias com universidades, o panorama da habilitação dos seus docentes é elucidativo, pelo menos, segundo dados divulgados pela Direcção-Geral do Ensino Superior, “Análise de todos os Docentes em 2008 por Categoria”, INDEZ2008, reportados a 31 de Dezembro de 2008, num universo de 8.181 docentes, no ensino superior politécnico, 35 tinham habilitação ignorada e os demais a seguinte habilitação: - 49 décimo segundo ano ou menos; - 30 Curso de Especialização Tecnológica; - 111 Bacharelato; - 2.796 Licenciatura; - 73 Pós-Graduação; - 3.602 Mestrado; - 1.485 Doutoramento.

    Segundo dados da mesma Direcção-Geral, o REBIDES, no ano lectivo 2011/12, no ensino superior politécnico público num universo de 10.284 docentes, 104 têm habilitação não especificada, e os demais a seguinte habilitação: - 66 Bacharelato; - 3. 390 Licenciatura; - 4.255 Mestrado; - 2. 496 Doutoramento.

    Ou seja, mais de 75% dos docentes do ensino superior politécnico público nem sequer são doutorados.

    Acresce que, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o nº de docentes do ensino superior politécnico público aumentou cerca de 26%.

    Não obstante, ser sabido que o n.º de alunos no ensino superior politécnico há muito que tem vindo a decrescer…

    A menor qualificação académica dos docentes do ensino politécnico público - em que mais de 75% dos docentes não são doutorados – mas que auferem remunerações equivalentes às dos docentes universitários, independentemente do grau académico de que sejam titulares, ou mesmo de serem titulares de um grau académico – radica no facto de no ensino superior politécnico público não ser necessário que sejam mais qualificados academicamente para ministrarem a sua oferta educativa de Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos.

    Ainda que alguns Mestrados – e os Doutoramentos – sejam omissos da oferta educativa divulgada no site da Direcção-Geral de Ensino Superior.

    Enfim, é a FOLGOZA.

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  3. Mas, há muito que a Universidade PÚBLICA portuguesa também se envolveu nos Doutoramentos do ensino politécnico PÚBLICO.

    Como é exemplo, o Doutoramento em Ciências do Desporto, da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira, constante da oferta educativa anunciada na página 5 do Caderno de Ensino, da edição de 3.7.2008, do jornal “O Mirante”. Desta feita, nesta fonte, este Instituto Politécnico anuncia, em parceria com a Universidade de Leida, Doutoramento em Educação na Escola Superior de Educação de Santarém.

    Enfim, é a FOLGOZA.

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  4. A ideia com que uma pessoa fica, ao falar com quem encontra, é de que há demasiados licenciados. Realmente... Como eles distorcem a informação!

    Graças ao seu blogue, que costumo acompanhar, sei que a verdade é que Portugal, em proporção, comparado com outros países europeus, até tem poucos licenciados.

    Este ano estou com vontade de ir tirar outra licenciatura.

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  5. Cara Cláudia Lopes,
    a sua perspectiva não podia estar mais correcta, creio. Tenho para mim que as qualificações nunca são demais. E ainda que se trata de matéria absolutamente essencial para o desenvolvimento (i)material das sociedades.

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  6. Se no motor de busca pesquisarem:

    Anexo Técnico nVI –UMa – IPS.tif – GPC – Universidade da Madeira

    Vão encontrar um ficheiro PDF, que encerra um documento que ficará para a história do ensino superior – PÚBLICO - e nessa medida, caso nele tenham interesse, aconselho que façam a sua impressão, enquanto está disponível. Documento este, que nos permite perscrutar o modus operandi seguido para o Doutoramento em Ciências do Desporto, da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira. E, com alguma ironia, até concluir que, no ensino superior público português, é muito mais fácil ministrar um Doutoramento do que uma Licenciatura.

    Não fora este documento ser o princípio do fim da Universidade Pública, quantos mais empreendedores, em nome do princípio da igualdade, num futuro próximo não seriam tentados a fazer parcerias idênticas.

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