Uma notícia positiva, vai entrar em discussão pública o
Plano de Acessibilidade Pedonal para a cidade Lisboa. A cidade, de acordo com a
avaliação dos serviços municipais, terá mais de 80% dos edifícios de habitação
inacessíveis a cidadãos com mobilidade reduzida sendo que muitos equipamentos,
transportes e mesmo a circulação pedonal são também de acesso e uso fortemente
condicionado.
Este Plano que contempla orientações e acções a desenvolver
até 2017, estabelece três grandes objectivos, "prevenir a criação de novas
barreiras na cidade", "promover a adaptação progressiva dos espaços e
edifícios já existentes" e "mobilizar a comunidade para a criação de
uma cidade para todos". Estes objectivos inscrevem-se na intenção da
autarquia "cumprir as suas obrigações legais em matéria de acessibilidade
e de não-discriminação das pessoas com deficiência".
Recordo que há alguns meses o Provedor de Justiça
solicitou ao Metropolitano de Lisboa e à Câmara de Lisboa para que procedessem
no sentido de garantir a acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida a
estações e carruagens, bem como assegurar a possibilidade real de evacuação em
situação de emergência.
A acessibilidade ao Metropolitano é apenas mais
um exemplo, veja-se a informação contida no Plano de Acessibilidade agora
conhecido, do muito que ainda temos que mudar, a vários níveis, na forma como
encaramos e nos comportamos como comunidade face aos problemas que afligem
minorias, neste caso as pessoas com deficiência. Sobre esta matéria, algumas
notas retiradas de textos já aqui enunciados.
Em primeiro lugar deve dizer-se que, como
acontece em outras áreas, a legislação portuguesa é positiva e promotora dos
direitos das pessoas com deficiência, mas a sua falta de eficácia e
operacionalização é bem evidenciada na tremenda dificuldade que milhares de
pessoas experimentam no dia-a-dia que decorre, frequentemente, da falta de
fiscalização relativa às questões das acessibilidades e barreiras nos
edifícios.
Para além dos espaços de habitação, existem ainda
muitos serviços públicos e outro tipo de equipamentos de prestação de serviços
com barreiras arquitectónicas intransponíveis, a que os cidadãos com
deficiência só podem aceder com ajuda de terceiros e, mesmo assim, com
dificuldade.
Os transportes públicos de diferente natureza
também colocam enormes problemas na acessibilidade por parte de pessoas com
mobilidade reduzida.
As normas de construção não são respeitadas,
mantendo-se em edifícios novos a ausência de rampas ou a sua existência com
desníveis superiores ao estabelecido, constituindo, assim, um risco sério de
queda.
Para além deste quadro, suficientemente
complicado, ainda há que contar com a prestimosa colaboração de muitos de nós
que estacionamos o belo carrinho em cima dos passeios, complicando ou proibindo,
naturalmente, a circulação de cadeiras de rodas. Os passeios, nem sempre com as
medidas determinadas por lei, são, por vezes e quase na totalidade, ocupados
com esplanadas que, claro, são só mais uma dificuldade para muita gente. Há
ainda que considerar as dificuldades que por negligência ou insensibilidade
criamos aos outros.
A vida de muitas pessoas com deficiência é uma
constante e infindável prova de obstáculos, muitas vezes intransponíveis, que
ampliam de forma inaceitável a limitação na mobilidade que a sua condição, só
por si, pode implicar.
Como é evidente, existem muitas outras áreas de
dificuldades colocadas às pessoas com deficiência, designadamente, educação e
emprego em que a vulnerabilidade e o risco de exclusão são enormes.
Termino com uma afirmação que recorrentemente
subscrevo, os níveis de desenvolvimento das comunidades também se aferem pela
forma como lidam com as minorias e as suas problemáticas.
Boa tarde.
ResponderEliminarInformo que a Proposta de Plano está disponível para download e consulta pública aqui:
http://www.cm-lisboa.pt/viver/mobilidade/modos-suaves/mobilidade-pedonal/plano-de-acessibilidade-pedonal
Melhores cumprimentos,
PHG