AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 15 de julho de 2013

SINTO-ME ROUBADO

Como era previsível, os efeitos do ruinoso negócio de venda do BPN ao BIC ainda não cessaram.
O BIC Portugal exige ao Estado o reembolso no valor de cerca de 100 milhões de euros, relativo ao BPN, ainda decorrente dos termos do negócio da privatização e venda do banco, processo liderado pela actual Ministra das Finanças.
É de sublinhar que o montante da agora exigida dívida do Estado ao BIC é de 100 milhões  de euros, enquanto a privatização e venda do BPN foi realizada por 40 milhões.
No universo dos processos de negociação costuma afirmar-se que um bom negócio obedece à fórmula ganhar-ganhar, ou seja, todos os intervenientes no negócio acham que "ganharam", fizeram um bom negócio ou, pelo menos, o melhor negócio possível. A alternativa é traduzida na fórmula "ganhar-perder" em que algum ou alguns dos intervenientes admitem ter feito um mau negócio.
O negócio de privatização e venda do BPN ao BIC é, obviamente, um negócio ruinoso.
De facto, os contornos conhecidos, preço de venda por 40 milhões, responsabilização do estado pelo despedimento de metade dos funcionários do BPN e por parte das dívidas além dos custos de recapitalização sugerem um excelente negócio que nos custará qualquer coisa como 2,4 mil milhões de euros, no mínimo.
Os 100 milhões agora exigidos pelo BIC inscrevem-se neste processo.
É certo que está prometido um pagamento suplementar por parte do BIC sobre eventuais lucros dentro de cinco anos que, muito provavelmente, não acontecerão.
Este excelente negócio, na linha dos muitos que têm sido realizados, lembremos os agora tão falados contratos que envolvem "swaps", recordou-me de novo, uma afirmação de Nuno Brederode dos Santos numa antiga crónica no Expresso, “Os Negócios Estrangeiros em Portugal raramente são bons negócios mas, quando o são, então são, de facto, estrangeiros”.
Sinto-me roubado.

1 comentário:

  1. não sei quem sou...15 de julho de 2013 às 17:26

    A mente está sempre arranjar padrões, rotular as situações, bom, mau, frio quente, conforto, desconforto, sossego, desassossego.
    O Senhor Professor entrou no padrão roubado, ladrão.
    É evidente que não houve roubo nenhum. É evidente que foi um excelente negócio. PARA QUEM ?!
    Para os colonizadores da economia Portuguesa, claro está...

    Neste caso concreto é o pagamento da factura da história, com pitadas de Mira Amaral, Américo Amorim e outros menos sonantes.

    Eu vou entrar no padrão, MACHO, EUNUCO...Os políticos portugueses são EUNUCOS.


    VIVA!

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