Ao que se sabe, o Presidente da República determinou como Ordem de Trabalhos para o Conselho de Estado que hoje realiza depois de anunciado pelo Secretário Marques Mendes, o período pós-troika, o país de depois de Junho de 2014.
Provavelmente, em Junho de 2014 recordar-nos-emos do enunciado atribuído ao Marquês de Pombal depois do devastador terramoto de Lisboa em 1755, "enterrem-se os mortos e cuide-se dos vivos". O terramoto que se tem abatido sobre o país está a ter e vai ter consequências também catastróficas.
A enorme diferença é que em 1755 a catástrofe caiu em cima das pessoas de forma absolutamente inesperada. Actualmente, a catástrofe foi-se instalando de mansinho até entrar numa erupção gigantesca nos últimos anos.
Assim, parece completamente estranho que Cavaco Silva com a catástrofe a decorrer entenda por bem discutir o "day after". É certo que o Presidente é um homem que manifestamente não quer problemas e chatices, fala pouco, diz nada, apelos retóricos a impossíveis consensos, referências deslocadas e infelizes à sua situação pessoal ou à inspiração divina e agora numa estranhíssima negação da realidade propõe que, tranquilamente, se possa no meio da tempestade discutir o que lá virá e não o que fazer para nos protegermos ou minimizar danos da catástrofe que agora, repito agora, se abate sobre nós.
Este entendimento parece uma crença ingénua em que se não falarmos das coisas elas não existem.
Pois é, parece que o importante é aprendermos todos com as avestruzes... a enviar muito bem a cabeça na terra
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