O Relatório da Amnistia
Internacional hoje divulgado chama a atenção para o excesso de violência
utilizado pelas polícias portuguesas em diferentes situações, a violência doméstica
e o impacto da crise no universo dos direitos humanos.
A esta informação acrescentaria
uma referência do JN à situação do tráfico de pessoas que se realiza em
Portugal envolvendo, fundamentalmente, mulheres no mundo da prostituição ou
pessoas em situação particularmente vulnerável pessoal e socialmente para "trabalho
escravo" na agricultura. Um estudo divulgado sublinha o que já é conhecido,
as situações identificadas são uma pequena parte da realidade.
Este cenário é também uma
tradução de um mal-estar no qual se mantêm e alimentam valores, por exemplo, no
caso da indomesticável violência doméstica ou na proporcionalidade da força a
usar em intervenções policiais sejam contra eventuais manifestantes, seja
contra elementos de indivíduos pertencentes a grupos ou etnias identificadas.
Por outro lado, o impacto da
crise no universos dos direitos humanos não pode deixar de se relacionar com o
tráfico de pessoas.
Este cenário, o tráfico de pessoas e a
escravatura, tal como a fome, é das matérias que maior embaraço pode causar em
sociedades actuais, deveria ser algo de improvável no séc. XXI em sociedades
desenvolvidas.
A escravatura parece algo “fora do tempo” e de
impossível existência nos nossos países. Mas existe e é sério o problema que,
como não podia deixar de ser, atinge os mais vulneráveis, como as crianças, sem
abrigo ou mulheres.
Este negócio, o tráfico de pessoas, um dos mais
florescentes e rentáveis em termos mundiais, alimenta-se da vulnerabilidade
social, da pobreza e da exclusão o que, como sempre, recoloca a imperiosa
necessidade de repensar modelos de desenvolvimento económico que promovam, de
facto, o combate à pobreza e, caso evidente em Portugal, às escandalosas
assimetrias na distribuição da riqueza.
Estes tempos, marcados por competição, diminuição
de direitos e apoios sociais, pressão sobre a produtividade tudo isto submetido
a um deus mercado que não tem alma, não tem ética e é amoral, podem alimentar
algumas formas de escravatura mais "leves" ou, sobretudo em casos de
particular fragilidade dos envolvidos, bastante pesadas.
As pessoas, muitas pessoas, apenas possuem como
bem, a sua própria pessoa, o seu corpo, e o mercado aproveita tudo, por isso,
compra e vende as pessoas dando-lhe a utilidade que as circunstâncias, a idade,
e as necessidades de "consumo" exigirem.
O que parece ainda mais inquietante é o manto de
silêncio e negligência, quando não cumplicidade, que frequentemente cai sobre
este drama tornando transparentes as situações de escravatura, não se vêem, não
se querem ver. Neste universo não conseguimos ouvir o coro dos escravos, não
têm voz, são coisas.
Pobre e infeliz do meliante que morre de uma bala saída da arma de um polícia, depois de ter espancado violentamente, por vezes até á morte, algum casal de idosos para os roubar. É também casos destes e outros identicos que engrossam os Relatórios da Amnistia Internacional.
ResponderEliminarSe agora são afastados do ofício de prender ladrões e assassínos, julgados e condenados depois,muitas vezes com prisão efectiva,o Código Penal é ainda muito, muito, muito brando para quem mata bandido.
A inclusão da prisão perpétua no código Penal talvez fosse desmotivador e a Amnistia Internacional apresentava resultados mais animadores.
E as Forças da Ordem via-se livre de muitos elementos nocivos á instituição.
Até podia haver todos os anos almoço de confraternização entre polícias polícias e ladrões.
VIVA!