AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 24 de abril de 2013

OS ERROS DE CÁLCULO E A FALTA DE MEMÓRIA TÊM OS DIAS CONTADOS

O novo Programa de Matemática que o MEC, numa decisão discutível segundo as associações científicas e profissionais, decidiu introduzir parece apresentar duas ideias centrais para além da esperada consagração das metas curriculares que, tal como estão definidas, me parecem constituir mais parte do problema que parte da solução.
A primeira ideia é abolição, por assim dizer, do uso da calculadora nas salas de aula, um desígnio antigo do Professor Crato e que, finalmente, foi conseguido, as salas de aula serão "calculadoras free", pois são péssimas para as crianças, têm tido efeitos “muito nefastos”, já que o aluno “recorre a uma espécie de caixa mágica onde lhe aparecem os resultados sem que chegue a compreender” a operação realizada. 
Estão, pois, explicados, os recorrentes erros de cálculo que produzem políticas educativas erráticas e inconsistentes, os erros de cálculo de reformas curriculares que apenas calculam o número de professores que se tornam dispensáveis, os erros de cálculo na justificação com a demografia das necessidades de professores, os erros de cálculo que entendem como ajustado o número de alunos por sala de aula e o gigantismo dos agrupamentos, os erros de cálculo que levam a que muitos miúdos não tenham apoios às suas dificuldades por falta de recursos, etc., etc.
A outra ideia central parece ser o reforço da importância da memorização que, “nas últimas décadas, foi descuidada”.
Também parece ajustado, pois a forma descuidada de trabalhar a memória explica certamente a falta de memória que boa parte as lideranças, incluindo no MEC, evidenciam, esquecendo afirmações e ideias apresentadas para com a maior das ligeirezas mudarem de discurso e de opinão, as promessas que se fazem e são esquecidas, o que se diz e o que se faz, etc. A título de exemplo, veja-se as sucessivas falhas de memória nos discursos da equipa do MEC produzidos desde há um ano sobre a colocação dos professores, a passagem à situação de mobilidade especial, as necessidades de professores, com a última trapalhada entre a informação vindas das escolas e a informação "martelada" pelo Ministério, etc.
É certo que apesar de tudo o que de errado se fazia, os miúdos portugueses têm progredido muito significativamente nos estudos comparativos internacionais. Mas este progresso é insuficiente para pessoas exigentes e defensoras do rigor, da qualidade e da excelência.
Toca a fazer contas pelos dedos e a meter tudo na cabecinha.

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