AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 18 de abril de 2013

E DE QUE SERVE O LIVRO E A CIÊNCIA ...

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E de que serve o livro e a ciência
se a experiência da vida
é que faz compreender a ciência e o livro?
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(In A Cena do Ódio de Almada Negreiros)

Lembrei-me deste pequeno excerto da enorme obra de Mestre Almada a propósito da discussão aberta sobre as obras de alguns economistas que têm inspirado as políticas de austeridade e assentam, verificou-se agora, em cálculos e análises erradas. Na verdade e em bom rigor acaba por não surpreender a forma como meia dúzia de cientistas da economia conseguem produzir um conjunto de modelos e políticas que clara e assumidamente conduzem ao empobrecimento e à exclusão de boa parte da gente.
As políticas são decididas recorrendo a infalíveis "modelos econométricos", pensadas numa redoma asséptica e virtual, fora da realidade.
As pessoas são liofilizadas e encerradas nas folhas de Excel que traduzem nos ecrãs os modelos sofisticadíssimos que geram e gerem a agonia em que a vida de milhões se tornou, devido às experimentações que alguns poucos cientistas com uma fé cega e mágica nos seus modelos teóricos que enchem manuais e artigos que circulam entre o restrito grupo dos iniciados e eleitos e os levam, numa espécie de circuito fechado, à produção de mais modelos e mais teorias sempre com a mesma orientação.
As teorias e os modelos estão sempre certos, como não, a ciência não erra, por isso é ciência.
As pessoas, a vida das pessoas é que é desconforme, não cabe nos modelos mas não tem problema, muda-se a vida das pessoas mesmo que para bem pior, os modelos estão certos.
Esta gente não vai ser capaz de compreender a vida das pessoas, não vai compreender o desespero do desemprego e do roubo à dignidade. Não vai perceber como a sobrevivência de mão estendida insulta e envergonha.
Esta gente não é gente, não tem alma nem coração. Já morreram mas ainda não deram por isso.

1 comentário:

  1. Os meus livros devem ser lidos pelo menos duas vezes pelos muitos inteligentes e daí para baixo é sempre a dobrar
    ...
    In O Manifesto Anti-Dantas por José de Almada Negreiros Poeta Futurista e Tudo

    Abraço
    António Caroço

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